Por: Pedro Tawanda
Alô Mbuya, respondia eu a chamada!
Já estás no Aeroporto? Perguntava ele.
Ainda estou a caminho, mas quase lá! – Expliquei.
Está bem até já! – Retorquiu.
Em tempo quase que combinado, estávamos nós a entrada do Aeroporto Internacional de Mavalane, perto das 16 horas para o check in, numa sala onde estavam 4 balcões em funcionamento e prontos para a triagem, tudo desde as vasculhar até a pesagem das bagagens pelo scanner aconteceu na maior naturalidade, o brilho no nosso semblante testemunhava que as 17 horas daquele sábado íamos viajar de regresso a cidade de Chimoio, depois de longos quatro dias de estadia em Maputo capital do país, onde na companhia de outros escribas de punho, participamos na conferência internacional do jornalismo investigativo que pela primeira vez foi hospedada em Moçambique.
Enquanto esperávamos pela sinalética da companhia de bandeira sobre a viagem eis que em conversa descontraída e gargalhadas ao meio, sob comando do secretário provincial do sindicato nacional de jornalistas em Manica, que também participara em Macaneta numa sentada entre os homens da pena, assistimos numa sala de embarque algures no primeiro andar do aeroporto internacional de Mavalane uma aeronave a ser reparada por alguns engenheiros que com esmero aplicavam-se para ver aquele pássaro metálico voar mais uma vez, fora de mim imaginar que o aparelho em caso de dar start as cobaias seríamos nós.
Depois de tantas tentativas com o sol a ir dormir, a paciência a esgotar e o som distorcido e irritado dos autos falantes do internacional de Mavalane a nos fazerem moça, sobre os adiamentos da viagem para mais 30 minutos que não se esgotavam, eis que os mecânicos não conseguiram reanimar o aparelho que de certo seria aquele que ia nos levar de volta às terras de Nhaucaranga cujos espíritos não dormem, testemunhou se quando eram 22 horas do sábado uma voz meio meiga de uma senhora, naquelas gumba-gumbas desafinadas dizendo que “alô passageiros do voo TM 114 não será possível viajar a Chimoio hoje” sem alinhar os motivos, aliás até que o espanto de uma senhora portando varia tchidjumbas numa carinha, questionou aos ouvidos de todos nós “assim nós é que seríamos as cobaias se o avião aceitasse arrancar!? Silêncio total.
Após o anúncio do adiamento do TM114, a luta era outra onde passar a noite?
O hotel VIP, foi o escolhido pela LAM para acolher a noite, de perto de 60 passageiros ainda a bordo do TM114, como os cálculos já haviam feitos desde os anúncios de esperança, até ao de cancelamento do voo pela nossa companhia, quando lá chegamos, a cozinha já estava fechada e a chefia e seus capangas todos já tinham se despegado, o que restou de nós foi um jejum generalizado e demora no check in onde muitos de nós para além de passarmos a noite apinhados, só conseguimos tirar um ronco no dia seguinte.
O sol nasceu de novo, para desanuviar ainda a bordo do TM 114, cada um de nós ia chutando lata ao seu estilo até que novo anúncio da LAM chegou aos nossos ouvidos eu o voo continuava e as 13 horas de domingo 18 de agosto de 2024 era a hora marcada lá íamos nós transportados em duas viaturas e por ironia uma com capacidade de 30 lugares ia com a lotação esgotada enquanto seguia outra com capacidade de 70 lugares carregada apenas de 6 ocupantes.
Chegados ao internacional de Mavalane nos deparamos com a existência dos nomes de muitos de nós fora do sistema, questionei dentro de mim como é possível se ainda estou a bordo do TM 114?
Uma zaragata instalou se no local, foi daí que eu percebi que existem uns humanos mais humanos que os outros e uns mais vukuvuqueiros que os outros ainda aliás a ideia da companhia era excluir os mais santos a bordos do TM114 e nos seus lugares acomodar os Boss’s que iam participar num encontro sobre conflitos eleitorais na cidade de Chimoio aprazado para dia seguinte.
Após tanto sururu, houve uma calmia e muita conversa animada a mistura, às 19 horas seguimos viagem a bordo do TM 114 a cidade de Chimoio, foi perto de uma hora de tranquilidade, onde a anglofonia reinava durante a viagem numa companhia sul-africana alugada pela nossa de bandeira, até que as palmas unânimes aconteceram após um pouso meio assustador no aeródromo de Chimoio, meu relógio nessa altura picava na hora 20 e 10 minutos mas o pior estava por vir, quando chegou a informação de que todas as bagagens ainda estão a caminho, porque não foi possível embarcar no voo devido a lotação esgotada, espantou-me que ninguém quis mais questionar sobre a medida tomada, porque a viagem Maputo-Chimoio, a bordo do TM 114 durou pelo menos 26 horas.