“É momento para nós nos reforçarmos e convidar também todos os outros partidos que neste momento estão a concorrer, para formarmos uma frente única para derrubar este regime que de facto é assente, que é o inimigo do povo moçambicano, que é o inimigo da democracia, do multipartidarismo e de todos os partidos que anseiam ver Moçambique salvo”, disse à Lusa Venâncio Mondlane, durante uma manifestação pacífica, em Maputo, novamente contestando a exclusão da Coligação Aliança Democrática (CAD) daquela votação, a qual apoiava a sua candidatura a Presidente.
Venâncio Mondlane concorre agora à Presidência moçambicana sem o suporte de uma formação política – também liderava a lista da CAD às eleições legislativas por Maputo, que caiu devido à exclusão da coligação -, considerando-se agora um “candidato do povo” e com o “melhor projeto para a salvação de Moçambique”.
“O projeto que trazemos é o melhor para a salvação de Moçambique. Se todos esses partidos que estão a concorrer pretendem, de facto, a salvação desta nação, vão se juntar ao nosso projeto”, frisou o político e ex-deputado e antigo membro da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo, maior partido da oposição), que abandonou em maio.
O Conselho Constitucional (CC) de Moçambique excluiu na quinta-feira passada, em definitivo, a coligação CAD das eleições gerais de 09 de outubro (legislativas e provinciais).
No acórdão, em resposta ao recurso apresentado pela CAD sobre a exclusão da candidatura decidida anteriormente pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), o CC declara nula a deliberação da CNE, de 09 de maio, que aceitava a inscrição da coligação para fins eleitorais.
Acompanhado por pouco mais de duas dezenas de pessoas com luvas pretas e mãos pintadas de preto levantadas ao alto, Venâncio Mondlane manifestou-se próximo ao terminal de transportes da Junta, em Maputo, contra a exclusão da CAD, ação que simbolizava, avançou, o “funeral da democracia e da justiça” moçambicanas, anunciando a realização de mais manifestações.
“Esta é a primeira manifestação de tantas que vão acontecer até à queda definitiva dos assassinos da democracia e da justiça, daqueles cuja função é pura e simplesmente agir contra a vontade e soberania do povo”, afirmou Mondlane, durante a concentração, que durou menos de uma hora.
A CAD tem uma segunda manifestação realizada ontem por volta das 20:00 (menos uma hora em Lisboa), apelando à concentração numa praça local, para “acender velas por cinco minutos”.
“Desta vez não vamos marchar, queremos evitar confusões. Será uma manifestação super pacífica”, disse à Lusa, na terça-feira, Luís Mariquele, coordenador nacional de comunicação e imagem da CAD, referindo-se a episódios de violência registados em algumas marchas realizadas no país.
“Que fique claro aqui que as províncias do centro e norte estão simplesmente a espera do apito para começar a explodir o país, então é [também] uma forma de conter os ânimos das pessoas”, acrescentou.
Na sexta-feira, a CAD acusou o CC de violar a Constituição, considerando que a sua exclusão resulta de perseguição política pelo seu apoio à candidatura de Venâncio Mondlane.
“Inscrevemo-nos e a deliberação foi aceite e publicada no Boletim da República. Quando se apercebem que a candidatura de Venâncio Mondlane é suportada pela CAD, começa o problema. O problema é perseguição política”, declarou Manecas Daniel, presidente da CAD, em conferência de imprensa em Maputo.
Moçambique realiza em 09 de outubro as eleições presidenciais, que vão decorrer em simultâneo com as legislativas e eleições dos governadores e das assembleias provinciais. (LUSA COM NM)