O Relatório de Análise Estratégica (RAE), elaborado pelo GIFIM, abrange o período de janeiro de 2014 a maio de 2024, analisando o branqueamento de capitais decorrente de raptos e sequestros. O documento, que inclui dados do Ministério da Economia e Finanças, revela que os fundos ilícitos foram introduzidos no sistema financeiro através de depósitos em numerário fraccionados.
Os pagamentos foram dissimulados em contas controladas por suspeitos, seus familiares ou empresas associadas, antes de serem exportados ilegalmente para ocultar a origem criminosa. Esta prática envolve cidadãos nacionais e estrangeiros naturalizados e está inserida na chamada “indústria dos raptos”.
Até março deste ano, a polícia registou 185 casos de rapto, com a detenção de 288 suspeitos desde 2011, segundo o ministro do Interior, Pascoal Ronda. A exportação ilícita de capitais ocorre sob diversos pretextos, recorrendo ao branqueamento de capitais através de empresas de fachada em locais de alto risco, como a cidade de Maputo e as províncias de Manica, Sofala e Nampula, bem como na África do Sul.
O relatório aponta o possível envolvimento de advogados, empregados bancários e membros das Forças de Defesa e Segurança. Os suspeitos utilizam contas de familiares e empresas para dissimular os fundos obtidos através de extorsões e resgates.
“O GIFIM identificou mais de 2,1 mil milhões de meticais suspeitos de branqueamento, com crimes antecedentes como rapto, extorsão, cárcere privado, entre outros.”
Além disso, o documento destaca a criação de várias empresas fictícias para ocultar as transacções financeiras. O GIFIM identificou mais de 2,1 mil milhões de meticais suspeitos de branqueamento, com crimes antecedentes como rapto, extorsão, cárcere privado, entre outros.
O último caso de rapto registou-se segunda-feira (22) e marcou o segundo deste tipo de incidentes em menos de três dias. Este rapto sucedeu a um semelhante ocorrido na noite de sábado (20), quando três homens armados invadiram uma loja de bebidas.
Nos últimos dez anos, Moçambique tem enfrentado uma escalada de crimes transnacionais, como raptos, tráfico de drogas e branqueamento de capitais. A recente série de incidentes sublinha a necessidade urgente de reforçar as estratégias de combate à criminalidade e garantir a segurança dos cidadãos e empresários na região. De acordo com a informação, o relatório alerta ainda para o risco de evolução desta indústria, que pode vir a incluir reféns estrangeiros, aumentando assim os montantes envolvidos na extorsão. (DE)







