Compêndio para desenterrar nuvens foi editada pela Fundação Fernando Leite Couto e pela Caminho, em Portugal, sendo o conto composto por vinte e duas histórias que abordam diversos assuntos, mas especificamente o calvário de pessoas, com especial atenção às vozes femininas.
Mia Couto, que actualmente se encontra em Portugal a escrever mais uma obra literária, falou sobre a sua escrita que tem sido predominantemente de romances: “É um prémio que me dá uma grande alegria. Primeiro, porque é um prémio de conto. Como todos sabemos, o conto é uma espécie de género literário menos valorizado. O grande género tem sido sempre o romance” e reforçou ainda a sua humildade “Eu acho que estes contos surgiram como crónicas. Portanto, esta viagem do texto original, que é feito para uma revista, como crônica, com o tratamento que dei para ser um conto, aparentemente, resultou, sobretudo como um apontamento de gente que vive numa situação de guerra, numa situação de miséria. Digamos assim, eu sinto que este prémio não me distingue exactamente a mim, mas às pessoas que proporcionaram esse tipo de abordagem e de sensibilidade do mundo que ganhei”, reforçou.
Justificando a distinção meritória, o júri, constituído por Fernando Batista, Mário Avelar e Paula Mendes Coelho, disse que Couto, soube misturar o código realista e o código imaginário sem nunca esquecer o seu registo lírico “continua a denunciar as injustiças de onde quer que elas venham, sem deixar de nos alertar, ainda que em tom geralmente irónico”.
Portanto, o Grande Prémio de Conto Branquinho da Fonseca foi instituído em 2023 pela APE, e patrocinado pela Câmara Municipal de Cascais e Fundação D. Luís I, de modo a galardoar anualmente uma obra de contos em editada em português.
Lembre-se que Mia Couto já venceu o prémio Camões (o maior da literatura lusófona) em 2013, e o prémio José Craveirinha em 2022. (INTEGRITY)