Escrito por: Onélio Luís/ Jornalista e Youtuber
INTEGRITY – MOÇAMBIQUE, 25 de Agosto de 2022 – As estradas moçambicanas continuam a ser palcos de intensos acidentes de viação, que culminam com danos humanos e materiais. As causas sempre são as mesmas, conforme as autoridades sempre avançam: esta o excesso de velocidades, condução em estado de embriaguez e ultrapassagens irregulares (…).
Na maioria dos casos, os acidentes envolvem autocarros de transporte público de passageiros que os seus condutores muitas vezes, se não sempre, não observam de forma escrupulosa as regras de trânsito e com ausência de consciência de que transportam vidas humanas e que a condução deve ser mais responsável possível.
Alguns condutores de transporte público chegam a exceder o limite máximo de velocidade, sob olhar impávido das autoridades de trânsito, mesmo estes tendo detectado no seu aparelho a violação do código de estrada por parte do condutor, tudo acaba sendo abafado pelo famoso “refresco”. É desta forma que as estradas nacionais vão sendo pintadas de sangue.
Vou contar um episódio. Um dia eu estava na praça 16 de Junho, nas proximidades do INCM (Instituto Nacional de Comunicação de Moçambique), de repente parou ao lado do passeio um mini-autocarro com 15 pessoas a bordo. No interior ouviam-se quatro vozes, das quais duas eram do cobrador e motorista que estavam num intenso confronto verbal contra duas passageiras, que reclamavam sobre a condução supostamente irresponsável.
“Desçam se quiserem, não vos obrigamos a subirem neste carro…”, ouviam-se estas vozes com tom arrogante, sendo dirigidas para as duas senhoras que na condição de passageiras exigiam que fossem transportadas de forma responsável. Tudo acontecia sob a cobardia e o silêncio dos outros 13 ocupantes do semi-colectivo de passageiros.
Nalguns casos, os condutores de autocarros são forçados a andar em altas velocidades pelos seus gananciosos patrões, que a todo o custo querem ver a sua receita gorda, mas noutros casos são agitados a pisar mais fundo no acelerador, porque supostamente devem chegar a tempo nos seus destinos e cumprirem as suas agendas. Mas nos dois casos, o condutor deve ser responsável o suficiente para não se deixar levar por esta manipulação que custa vidas.
Que tal se os condutores de transporte de passageiros, fossem submetidos, periodicamente, a reciclagem, como forma de conscientizá-los sobre a responsabilidade que carregam ao transportar vidas humanas? Pois não é novidade para ninguém que maioria dos condutores de transporte de passageiros conduzem de forma irresponsável, não só os de rotas urbanas, mas também os interprovinciais.
Por outro lado, a fiscalização fraca, associada à corrupção, permite que condutores que não estejam devidamente habilitados para o transporte de passageiros. Será que se for feita uma fiscalização séria dirigida aos “chapeiros” nas estradas de Maputo, ainda teremos transporte público a funcionar?
Caros. Sejamos responsáveis na estrada!