O investigador Pedro Vicente disse à agência Lusa que a religião não é “uma causa profunda” do conflito em Cabo Delgado, Moçambique, mas está a ser usada para mobilizar insurgentes, através do radicalismo Islâmico.
Os insurgentes saquearam a vila, provocando vários mortos e fortes combates com as Forças de Defesa e Segurança de Moçambique. “De facto os ataques acontecem em sítios muito diversos o que indicia que os insurgentes se movem com frequência”, alertou.
A saída do contingente militar da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) “traz riscos para a evolução da situação, dado que existe alguma incerteza sobre a capacidade do exército moçambicano em assegurar a mesma presença e nível de resposta militar”, sublinhou.
“Julgo que a par da via da melhoria direta da segurança e da sua dimensão militar, é muito importante continuar a trabalhar na via do desenvolvimento de oportunidades económicas para os jovens de Cabo Delgado e de sensibilização das populações, para além da integração de deslocados”, declarou.
Na sua opinião, a criação da Agência de Desenvolvimento Integrado do Norte foi um passo importante da parte do Governo moçambicano nessa direção, “mas precisa de passar das ideias aos atos”, concluiu.
O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, destacou, em 27 de junho, um “retorno gradual à normalidade” em Cabo Delgado – uma província que enfrenta desde outubro de 2017 uma rebelião armada com ataques reclamados por movimentos associados ao grupo extremista Estado Islâmico – reiterando que os grupos rebeldes não possuem atualmente qualquer base na região.
De acordo com dados de junho das Nações Unidas, mais de 189.000 pessoas foram forçadas a abandonar as suas casas desde o final do ano passado em Cabo Delgado, a maior deslocação desde o início do conflito, que matou mais de 4.000 pessoas e provocou mais de 700.000 deslocados desde 2017. (LUSA COM OBSERVADOR)