“Não tem hospital, nem escolas, nem qualquer coisa que se diga que isto é do governo, apenas os militares que também fazem das suas”, disse João Nadili, para quem é fundamental o regresso dos Funcionários e Agentes de Estado sobretudo da Saúde para atender a população.
“Não há nada de hospital, estamos mal de verdade. Os doentes graves devem ir à Pemba usando chapas e deve imaginar como é isso, é sofrimento apenas, nem primeiros socorros temos, os militares às vezes atendem, às vezes não”, lamentou outra residente.
A situação de falta de serviços básicos de saúde é descrita como caótica e deveras preocupante. A venda de medicamentos no sector informal também é proibida. As autoridades suspeitam que seja uma forma de garantir logística aos terroristas. Contudo, sabe-se que no seu mais recente ataque àquela vila, os membros do Estado Islâmico roubaram muitos fármacos.
“Entre os dias 23 e 25 estavam aqui os funcionários, mas por causa de uma cerimónia que nem sei dizer, e, depois da cerimónia foram-se embora, e agora nós que somos a população como ficamos?”, continuou lamentando Chica Bacar, mãe e vendedeira de bolinhos no mercado local.
Trata-se da primeira ida de funcionários e agentes do Estado, incluindo o administrador distrital depois do ataque de 10 de Maio com objectivo de celebrar o dia africano da função pública e da independência nacional, nos dias 23 e 25 respectivamente.
“Em Macomia se vive a maneira, além da violação dos nossos direitos humanos é a falta de saúde, aqui há mulheres grávidas, crianças e nós todos precisamos de atendimento. Não são todas as pessoas que têm dinheiro para ir outros locais, e o pior, para os deslocados “, expressou mais um residente local visivelmente zangado.
Na sua intervenção no dia da independência, o administrador de Macomia, Tomás Badae, não falou de breve regresso dos funcionários e agentes do Estado, nem de mínimos serviços de saúde. Apelou, sim, à agudização da vigilância e denúncia dos terroristas às autoridades.
A meio da acusação de frequente violação dos direitos humanos, Tomás Badae, enalteceu o trabalho das FDS, SAMIM, Ruanda e Força Local na busca de soluções para que o sol de junho volte a brilhar para os residentes de Macomia.
O Secretário de Estado António Supeia, defendeu na segunda-feira (24) que o regresso dos Funcionários e Agentes do Estado aos distritos severamente atacados por terroristas, está dependente da reposição das infraestruturas.
É entendimento de António Supeia, que nenhum funcionário que não queira regressar ao seu distrito de origem ou ao seu posto de trabalho, apontando que a sua deslocação é por motivos de segurança.
O Secretário do Estado, garante que todos os funcionários e agentes do Estado em situação de deslocado foram reintegrados nos distritos para onde se deslocaram. (Mussa Yussuf em Pemba)