Segundo o relatório, os choques económicos e climáticos são os principais responsáveis pelo aumento da pobreza. O documento observa que “a pobreza tem afectado uma parcela significativa da população, com características demográficas e socioeconómicas distintas, devido aos vários eventos adversos que têm influenciado negativamente o País”.
Entre os factores destacados estão os eventos climáticos extremos, como os ciclones Kenneth e Idai, que causaram danos económicos e sociais substanciais. Além disso, o aumento dos preços dos alimentos, os choques climáticos que afectam a produção agrícola e a situação de terrorismo no norte do País têm agravado a situação. As estimativas indicam um aumento na pobreza de consumo, de 46,1% em 2014-15 para 68,2% em 2019-20, com uma ligeira redução para 65% entre 2019-22.
Em resposta a esta situação, o Governo estabeleceu como meta reduzir a proporção da população que vive abaixo da linha da pobreza nacional de 68,2% para 27,7% nos próximos 20 anos. A ENDE inclui medidas para enfrentar a pobreza multidimensional, abrangendo não apenas o consumo, mas também o acesso à educação, cuidados de saúde, habitação, saneamento e outros indicadores de bem-estar. O relatório destaca que “prevalece o desafio de condições habitacionais adequadas com acesso a água e saneamento seguro, a electricidade e a posse de bens duráveis, com maior ênfase nas zonas rurais onde reside 66,6% da população total do País”.
Para combater a pobreza e promover o desenvolvimento sustentável, o Governo delineou um modelo de desenvolvimento centrado em sectores estratégicos como a agricultura, o turismo, a indústria e a energia. Na agricultura, o plano inclui investimentos para modernizar as técnicas de produção, aumentar a produtividade e integrar pequenos produtores nas cadeias de valor. As iniciativas abrangem várias regiões, com foco em culturas específicas e suporte tecnológico.
No sector industrial, o Governo planeia promover o investimento e o desenvolvimento de parques industriais em zonas com grande potencial. O documento explica que “investimentos em infraestruturas, capacitação de mão-de-obra, incentivos fiscais e facilitação do acesso a financiamento para empresas manufactureiras, especialmente para a aquisição de tecnologia e equipamentos modernos, serão implementados para estimular a produção local, reduzir a dependência de importações e promover a diversificação da economia”.
Com estas medidas, o Governo espera que a taxa média anual de crescimento do PIB real aumente de 4,4% para 9,2%, incluindo os ganhos do gás natural liquefeito. A curto e médio prazo, o sector de petróleo e gás deverá sustentar o crescimento económico até 2030. No entanto, a longo prazo, espera-se que a dinâmica dos sectores não petrolíferos determine o ritmo de crescimento e a geração de rendimento no País. (DE/IMN)