O Comandante-Geral da Polícia da República de Moçambique acusou [ontem] (07.06) uma jornalista e ativista do Centro para Democracia e Desenvolvimento (CDD), raptada por agentes, de ter provocado agitação durante o protesto dos antigos oficiais das Forças de Segurança, na terça-feira passada (04.06).
Bernardino Rafael garantiu que a polícia estava apenas a tentar proteger os manifestantes. “Infelizmente, apareceu uma jornalista que estava a criar agitação, aquilo que vocês viram nas redes [sociais]. Nós não agredimos ninguém”, assegurou o agente policial.
O Comandante-Geral desafiou igualmente a imprensa a provar até que ponto a polícia terá sido violenta: “Primeiro, tem de provar. Tem de aparecer um órgão a provar o mal que a polícia fez. Acho que há coisas que as pessoas provocam para ver a reacção.”
“Que procurem saber. Não houve nenhuma agressão. Era para salvar aqueles nossos colegas, e falámos bem com eles. Eles saíram dali sem nenhum problema”, salientou Bernardino Rafael.
Atuação “cruel e desumana”
Os antigos oficiais protestavam desde 28 de maio em frente à representação das Nações Unidas, em Maputo, para exigir supostas compensações resultantes do Acordo Geral de Paz.
A polícia reprimiu o protesto na terça-feira à noite. Uma jornalista e ativista do CDD, que cobria a operação em direto, foi levada por agentes. A polícia foi ainda acusada de agredir jornalistas da televisão privada STV, estação parceira da DW, que viram os seus bens confiscados.
A Associação de Juízes (AMJ) diz ter ficado preocupada com a atuação da corporação, tendo classificado de “cruel e desumana” a detenção da jornalista do CDD. “Sem precisar de muito esforço na análise, não restam dúvidas de que a jornalista foi vítima de uma actuação cruel e desumana”, refere um comunicado da AMJ.
“A polícia só tem o direito de deter um cidadão, incluindo jornalista, quando este for encontrado, em flagrante delito, a cometer um crime público que admita prisão preventiva ou quando houver um mandado de captura emitido por um juiz que ordene a captura. Não parece que seja o caso”, concluiu. ( | |