Por: Amilton Munduze
á estava politicamente feito o VM7, como carinhosamente passou a ser tratado pelos seus admiradores, e veio o seu boom. A morte de Azagaia que “libertou” milhares de jovens a se expressarem livremente e manifestarem a sua indignação com a governança do país. Motivos não faltam. Milhões de jovens vivem no desemprego e, mais do que isso, a própria esperança parece ter morrido.
Foi aí que, a meio do “Azagaiacentrismo”, juntou-se VM7 aos milhares de jovens que se manifestaram na capital moçambicana e não só, nesse caso, abraçando a causa destes e advogando a seu favor. A admiração juvenil pelo VM7 incrementou exponencialmente e, consequentemente, falar da relevância da Renamo passou ao encargo deste actor, ofuscando o seu chefe, em contra-mão com a primeira lei do poder de Robert Greene (nunca ofusque o teu mestre/o teu chefe/ o superior hierárquico).
Vendo toda esta ascensão de VM7, Ossufo Momade, “líder da Renamo” e os da sua célula, sentiram ameaçada. VM7 brilhava muito mais que Ossufo, até que a própria Renamo. Pareciam novos ventos para o partido. Necessidade de novas abordagens. Eis que, sedento de promover a cultura democrática na Renamo, VM7 ambiciona liderar o partido (há mais antecedentes), contra todo o conservadorismo instalado pela ala Ossufo Momade que se viu a meio de muito tacho com a introdução do estatuto do segundo candidato mais votado nas eleições presidenciais. Quem quer perder boa vida?! E se decide pelo fim do protagonismo de VM7 na Renamo, não sendo permitido até de participar do congresso que elegeu o presidente e candidato às eleições presidenciais marcadas para 9 de outubro. E terminou a sua jornada nesse partido, de onde se retirou tanto na qualidade de membro, como na qualidade de deputado da Assembleia da República.
Onde está o mau cálculo da Renamo?
Pois é. No meu entender, é que os conservadores deste partido, contra todas manifestações de jovens em todo país a favor de VM7, dando sinal claro que não querem Ossufo Momade, esta teimou em continuar com Ossufo devido à sua confiança no voto rural. A população moçambicana é maioritariamente rural, mais de 60% se os dados não me enganam. Aí vem a esperança da ala Ossufo. “Deixem os jovens das cidades gritarem. Nós temos o nosso eleitorado rural que é a maioria”.
Aí está o mau cálculo. É que, na actual governação, um dos méritos dignos de registo foi a expansão da rede eléctrica. Vários distritos e postos administrativos foram electrificados. Consequentemente, o acesso à informação se expandiu. O uso das plataformas digitais se expandiu. A indignação juvenil já não pode ser associada apenas aos jovens das cidades. A percepção da má governação se alastrou e os jovens clamam por mudanças. É aí que estes depositam a sua esperança no VM7, um fervoroso comunicador cujo discurso é carregado de patriotismo e do que fazer para melhorar o estado de coisas. Ao se afastar VM7 da Renamo, se afastam imediatamente milhares de jovens que com ele estão e esvazia uma Renamo que parece sem rumo e sem propostas palpáveis de governação. E o partido se parte de verdade, devido ao mau cálculo que fez, e má leitura do rural de hoje, mais informado e mais formado, sem também descurar a forte influência da Frelimo na zona rural.
A ser aprovada a candidatura de VM7 para as presidenciais, antevejo a relegação da Renamo ao terceiro plano e à sua perda de relevância, para além da perda do tacho que cegou Ossufo Momade e os seus.
A ver vamos. Rogo para que o Conselho Constitucional se baseie exclusivamente na lei quando estiver a analisar a candidatura de VM7. Deixemos os actores jogarem para vencer o melhor, aquele que apresentar o melhor projecto de governação. Quero estar errado no fim de tudo isto.