Escrito por: Omardine Omar, Jornalista
INTEGRITY – MOÇAMBIQUE, 22 de Agosto de 2022 – No dia 18 de Agosto do presente ano, o Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC) emitiu um comunicado de imprensa anunciando que havia apreendido 32 armas de fogo e detido quatro pessoas relacionadas com o facto, na fronteira de Ressano Garcia, na província de Maputo.
De acordo com o SERNIC, as armas eram ilegais e o pior é serem armas cujo modelo nem é usado pelas nossas Forças de Defesa e Segurança (FDS).
A narrativa apresentada pelo SERNIC foi prontamente desmentida pelo representante da empresa que insistia, perante os microfones da imprensa, que as armas eram legais e que haviam seguido todos os passos legalmente emanados.
Contra a narrativa de ilegalidade das armas, no sábado, o Comandante-geral da Polícia da República de Moçambique (PRM), Bernardino Rafael, apareceu em público afirmando que as armas eram legais e que foram eles que retiveram as mesmas para averiguar alguns aspectos legais, visto que só o Comando-geral é que emite licenças para que qualquer armamento entre no país.
Rafael mandou recados para o SERNIC de que “eles estavam ao lado do povo” e que já mais deixariam que a soberania fosse abalada, e o que aconteceu não foi uma apreensão, mas retenção, visto que existem aspectos fiscais que deveriam ser acautelados!
Estranhamente, a versão apresentada por Bernardino Rafael demonstra que existe descoordenação entre estas duas instituições do sector castrense do Estado. As afirmações do Comandante-geral deixaram evidente que, mais do que armas apreendidas, existe uma guerra titânica pelo protagonismo institucional que, mesmo diante de uma operação que é dever e obrigação de quem por lá se encontra, cada um tenta mostrar trabalho, mesmo sem ter feito nada.
Por outra, pode-se tratar de uma guerra dos parceiros de cada sector, uma vez que é de domínio público que o negócio de segurança privada é comandado por generais e homens da velha guarda do partidão.
Exemplos do protagonismo institucional e contradições têm sido evidentes sempre que uma operação de vulto ocorre em Cabo Delgado, onde os dirigentes máximos dos sectores castrenses correm para falar à imprensa e todos acabam trazendo resultados operacionais, totalmente diferentes; mas, no caso das armas apreendidas em Ressano Garcia, demonstrou que alguém não gostou da exposição do business e, como o importante nos dias que correm, na Pérola do Índico, já não é o parecer ou ser; mas, sim, defender o egocentrismo institucional e não o “nome” ou a “marca Moçambique!”
Neste sentido, podemos questionar: o que terá acontecido no barulho das 32 armas que levou os compadres a golarem-se em hasta pública? Ou seja, que mensagem pretendiam passar, que nós não entendemos? (IMN)