Escrito por: Omardine Omar, Jornalista
INTEGRITY – MOÇAMBIQUE, 21 de Agosto de 2022 – Acreditava-se que o caso de assassinato de um cidadão no quarteirão 21, nas Mahotas, cidade de Maputo, já tivesse um esperado desfecho, com os presumíveis “assassinos” detidos e a perspectiva de seguirem ao julgamento. Nesse intervalo de tempo, sete dias passaram-se, crianças vivendo em constantes choros, pelo que a respectiva mãe estava também detida.
Parte dos residentes daquela urbe já havia sentenciado o caso – a família em causa circulava com o medo de ser linchada; mas uma reviravolta no caso aconteceu: todos os implicados foram espantosamente inocentados.
A situação deixou bisbilhoteiros boquiabertos – mas como? –, questionavam os fofoqueiros do quarteirão – afinal eles não confessaram? Ou subornaram os policiais e saíram? O que aconteceu? – Eram rajadas de questões umas atrás das outras – as versões surgiam com sinais de nepotismo e corrupção policial, uma vez que uma das mulheres que participou no crime, a proprietária da residência onde toda história se desenrolou, também na altura que viria a ser detida, tem irmãos policiais a ocuparem altos postos na corporação.
Entretanto, não cabia, e nem cabe, na cabeça de ninguém que a influência familiar ou a corrupção pudesse encobertar um crime público, independentemente de quais fossem as circunstâncias.
Em função disso, em voz baixa, alguns alegavam tratar-se de “magia negra”; mas, certamente, o facto é que um homem foi morto – e a culpa parece ter morrido solteira. Ninguém conseguiu explicitar este fenómeno até agora, ou dar alguma explicação exaustiva ao que terá sucedido naquele fatídico dia.
A não responsabilização dos assassinos confessos pela morte de Romildo Zuale demonstra que, em Moçambique, tudo é possível, principalmente quando a vítima é um cidadão anónimo, que vivia uma vida de um mestre de Kungu-fu chinês da antiguidade, trabalhando e torrando tudo em bebidas alcoólicas, com o agravante exemplo de gostar de brigas e discussões desconexas em bares e barracas.