A luta pela ascensão na vida e a manutenção do status quo levou alguns camaradas a mostrarem a sua verdadeira face de lobo. As ovelhas foram cruelmente devoradas. Deputados como Gabriel Júnior e Caifadine Manasse foram chumbados pelos seus correligionários e já não voltam para a Assembleia da República (AR). Nos corredores dos comités provinciais da Zambézia e Cidade de Maputo a tónica era de que a vingança é um prato que serve frio e Manasse não resistiu ao combate, acabando por ver o espaço em que concorria a servir para acomodar amantes dos homens mais fortes do partido na província.
A guerra foi intensa, levando que homens tidos como fortes, no caso de Pio Augusto Matos a perder eleições onde era o único candidato. Na Matola, o processo teve que ser interrompido quando dois ilustres candidatos recusaram os resultados e instalaram o caos. Já em Gaza, onde depois da derrota de Roque Silva na luta para ser candidato do Partido às eleições presidenciais de 09 de outubro próximo, o processo acabou ficando totalmente corrompido, uma vez que as decisões passaram a ser tomadas nas barracas de Xai-Xai e Chókwè.
As eleições internas do partido Frelimo no último final de semana, acabaram confirmando a máxima de Nicolau Maquiavel de que “os fins, justificam os meios”. Aquilo já não eram eleições, mas o sentido mais alto da falta de patriotismo e nacionalismo. O objectivo de todos, até daqueles que ainda precisam trabalhar mais pela causa, era mesmo ocupar alguma função no Partido e garantir possivelmente o tacho para os próximos cinco anos.
O cenário confirmou o instinto carnívoro no estilo de piranhas. A guerra foi frenética e os fracos foram devorados. E o exemplo que fica é de que se internamente os métodos para vencer são aqueles, imagine contra os outros adversários políticos, o que é feito para não perder: tudo vale! Os critérios não servem e nem as regras democráticas. A estratégia é mesmo expurgar os inimigos internos em função da posição de influência que cada um possui.
Diante disso, a Frelimo acabou escolhendo os seguintes cabeças de lista para eleições provinciais: Valige Tauabo (Cabo Delgado), Elina Judite Massengele (Niassa), Eduardo Mariamo Abdula (Nampula), Lourenço Bulha (Sofala), Domingos Viola (Tete), Francisca Tomás (Manica), Francisco Pagula (Inhambane), Margarida Mapandzene (Gaza) e Manuel Tule (Província de Maputo). No entanto, devido a um insólito político a província da Zambézia ainda não tem candidato, uma vez que Pio Augusto Matos, que por sinal concorria sozinho, perdeu as eleições! (Omardine Omar)