http://www.science.org/doi/10.1126/science.adp0406
Os recursos de conhecimento e o capital financeiro estão principalmente concentrados no Norte Global, enquanto o Sul Global, particularmente a África, carece tanto de investimento em pesquisa quanto de investigadores. Como resultado, menos de 1% da produção global de pesquisa é realizada por instituições africanas. Além disso, a maioria dos artigos científicos que relatam pesquisas conduzidas em África incluem coautores estrangeiros, e os investigadores africanos raramente alcançam posições prestigiadas como autoria principal ou sénior.
A cooperação intra-africana também é rara. Embora o investimento em pesquisa seja um problema sistémico que requer mudanças por parte dos governos e instituições nos países africanos, os investigadores africanos a título individual podem tomar medidas para melhorar a qualidade e a quantidade de pesquisa realizada em África por africanos.
Os investigadores africanos têm experiência, especialmente em relação à biodiversidade e ao meio ambiente locais, e devem garantir que os colaboradores estrangeiros reconheçam o valor desse conhecimento, através de participação equitativos na pesquisa e nas publicações, em vez de relegá-los a meros agradecimentos ou listá-los como autores intermediários e com envolvimento limitado no estudo ou artigo. Antes de se comprometerem com um projeto, os cientistas africanos em início de carreira devem também insistir em benefícios para o avanço da sua carreira e compromissos de mentoria por parte de colaboradores mais seniores.
Os jovens cientistas africanos envolvidos em projetos de pesquisa que têm financiamento devem requerer total transparência em relação aos seus orçamentos. Esta medida assegura que os benefícios derivados dos financiamentos sejam distribuídos de forma justa entre todos os colaboradores, indo além de cobrir apenas as despesas de campo. Como alternativa a orçamentos divulgados na sua totalidade, os líderes de pesquisa estrangeiros devem então contratar investigadores locais como consultores e remunerar-lhes tarifas competitivas com as do Norte Global.
Após culminarem o seu doutoramento, os graduados africanos que regressam a casa enfrentam oportunidades limitadas, o que leva a uma fuga de cérebros, pois muitos voltam a procurar trabalho no estrangeiro.
O serviço obrigatório em universidades locais tenta contrariar esta tendência, mas muitas vezes isola estes investigadores das redes académicas globais o que acaba levando à sua saída em definitivo. Em vez disso, os cientistas em início de carreira devem negociar papéis flexíveis com as suas instituições. As instituições devem estar abertas a acordos criativos, dado que os cientistas têm maior probabilidade de permanecer a longo prazo se conseguirem equilibrar contribuições locais com o envolvimento internacional.
Para melhorar a capacidade de pesquisa africana e criar uma comunidade científica mais unificada e robusta, os cientistas nativos devem assumir papéis de liderança e colaborar com outros cientistas africanos. Os investigadores locais podem-se formar em posições de liderança, dando prioridade ao desenvolvimento de competências em escrita académica, análise de dados e trabalho de laboratório.
A colaboração intra-africana pode melhorar a partilha de conhecimentos específicos da região e construir uma rede de apoio, que é crítica para o crescimento profissional a longo prazo. Para superar barreiras sistémicas, os investigadores africanos em início de carreira devem proactivamente procurar e negociar colaborações equitativas e oportunidades de carreira com colegas do Norte Global, instituições locais e outros colaboradores africanos.