INTEGRITY – MOÇAMBIQUE, 19 de Agosto de 2022 – Sérgio Matos, presidente da Câmara de Comércio Árabe-Moçambicana – CCAM, durante a sua intervenção, disse que reconhecia a importância, cada vez mais crescente, que o grupo dos países árabes vem desempenhando nas trocas comerciais com Moçambique, especialmente nos projectos de investimento capital.
Matos avançou que – com o objectivo de consolidar, ampliar parcerias, gerar oportunidades de negócios e investimentos e, principalmente, aproximar Moçambique ao Mundo Árabe, actuando como facilitador do fluxo de informação e de conhecimento – a Câmara de Comércio Árabe-Moçambicana e seus parceiros, organizam o Fórum Económico Moçambique E Países Árabes sob lema: “Promovendo a logística Ferro-portuária através de infra-estruturas modernas e financiamento de transporte”, por entenderem a importância e a dinâmica que o mundo atravessa, principalmente no concernente à logística;
O mercado de transporte de carga e logística do Médio Oriente e África é segmentado por Transporte de Carga, Expedição de Frete, armazenamento e serviços de valor agregado e outros, bem como o Usuário Final, que são as Manufacturas e Automóveis, Petróleo e Gás, Mineração e Extracção, Agricultura, Pesca e Silvicultura, Construção, Comércio Distributivo, Saúde e Farmacêutica e Outros Usuários Finais.
Estima-se que o mercado de transporte e logística do Médio Oriente e África registe uma Taxa de Crescimento Anual de aproximadamente 6%, durante o período de 2022-2027. Durante a última década, a globalização e a tecnologia criaram oportunidades de internacionalização, impulsionando as cadeias de abastecimento e a competitividade em África. Actualmente, os países mais importantes, em termos de logística, são Angola, República Democrática do Congo, Egipto, Gana, Quénia, Moçambique, Nigéria, África do Sul e Tanzânia.
Segundo Matos, o comércio intra-africano está actualmente limitado a 15% do comércio total da África, indicando uma cadeia de valor intra-regional muito fraca em comparação com a Ásia, onde está em 80%.
Entretanto, Matos afirmou que – com a introdução do Acordo de Livre Comércio Continental Africano (AFCFTA), que é a maior zona de livre comércio do mundo, assinado por 54 países e que deverá revolucionar o comércio em todo o continente – se espera que o volume de comércio e, portanto, a economia do continente cresçam significativamente. O acto concentrará-se no aumento das capacidades de produção e logística num cenário global extremamente competitivo.
Para Matos, os principais retrocessos do acordo são os défices de infra-estrutura e a fragmentação das cadeias de suprimentos nos países. Os países africanos precisam investir massiva e estrategicamente em conectividade, nas infra-estruturas.
A restauração e melhoria do corredor de Maputo impulsionaram os fluxos comerciais bilaterais entre a África do Sul e Moçambique, levando mais de USD 5 biliões para a construção e operação de transporte, logística, energia e empreendimentos industriais ao longo do corredor.
A infra-estrutura é um importante factor de crescimento da economia de qualquer região. A electricidade, estradas, sistemas de água, serviços públicos, aeroportos, ferrovias e telecomunicações são serviços essenciais que impulsionam a actividade económica, canalizando o comércio e a mobilidade.
De acordo com as pesquisas, os gastos actuais com infra-estrutura, ao nível global, são de US$ 4,3 trilhões. O volume de mercado global da indústria ferroviária é de US$163 Biliões por ano, incluindo US$ 53 Biliões em material circulante. O mercado total de abastecimento ferroviário deverá continuar a crescer nos próximos anos a 2.7%.
Muita ênfase tem sido dada à conexão de investidores institucionais (bancos, bancos de desenvolvimento, seguradoras, fundos de pensão, doações, fundos mútuos e outros) com projectos que precisam do capital dos investidores, criando um papel ampliado para parcerias público-privadas. As inovações tecnológicas estão a mudar a própria natureza do investimento nas infra-estruturas, em relação à sua rapidez e eficiência.
O desenvolvimento de infra-estrutura no Médio Oriente e África, tanto ao nível regional quanto nacional, é impulsionado por certos factores sociais, económicos e ambientais, chamado ambiente favorável. Sobre esse tema de ambiente favorável, importa referir que este evento teve lugar 10 dias depois de o Governo anunciar o Pacote de Medidas de Aceleração Económica – PAE.
Várias economias têm sido afectadas por sucessivos choques internos e externos, e Moçambique não foge à regra, com destaque para os efeitos das mudanças climáticas, acções terrorristas em Cabo Delgado, Pandemia da Covid-19 e o conflito na Ucrânia – factores que afectam a vida das famílias e de empresas.
As medidas de aceleração assentam-se em duas áreas de intervenção, sendo, a primeira, (i) sobre medidas fiscais e de estímulo à economia e, a segunda, (ii) sobre medidas para a melhoria do ambiente de negócios, transparência e governação e aceleração de projectos de infra-estruturas estratégicas.
Das 20 medidas que correspondem a este Pacote, vale a pena referir a algumas, como: Estabelecimento de incentivos fiscais para novos investimentos em sectores-chave, realizados nos próximos 3 anos; Simplificar os procedimentos para repatriamento de capitais; Melhorar a competitividade dos aeroportos e corredores logísticos nacionais; Rever o regime geral de vistos de entrada no país, para promover maior fluxo de turistas e homens de negócios; Ajustar as Leis do Trabalho e de Investimento de modo a torná-las mais atractivas ao investimento estrangeiro.
Em Julho de 2021, a Arábia Saudita planeou investir mais de US$ 133 biliões no sector de transporte, isto é, em aeroportos, portos marítimos, ferrovias e outras infra-estruturas até ao final da década. Os Emirados Árabes Unidos já deram mostra de que investir particularmente em África é a opção válida para diversificação e alocação dos investimentos, por isso temos, a cada dois anos, o GLOBAL BUSINESS FÓRUM FOR ÁFRICA.
Daí que a actuação da Câmara de Comércio Árabe-Moçambicana (CCAM) acentua-se na visão de “tornar os Países Árabes nos principais parceiros de negócios em Moçambique através do trabalho planificado e sistemático da Câmara junto das partes interessadas”.
O fortalecimento da capacidade de logística dos transportes marítimo, ferroviário e de serviços portuários, para além de aumentar a entrada de divisas, irá impulsionar as iniciativas e projectos de desenvolvimento económico nos diversos sectores de actividade no tecido económico nacional, permitindo, assim, uma maior participação do empresariado nacional e estrangeiro.
No evento, pretende-se abordar a questão da Logística e gestão ferro-portuário e marítima; Desafios de Moçambique na implementação do Acordo de Livre-Comércio no continente africano; Estratégias e posição competitiva dos portos e caminhos-de-ferro em Moçambique e Oportunidades de negócios e de investimentos. (INTEGRITY)