INTEGRITY – MOÇAMBIQUE, 19 de Agosto de 2022 – Um estudo do Banco Mundial (BM), publicado a 11 de Agosto do presente ano, sobre a situação da segurança alimentar ao nível global, demonstra sinais de preocupação em diferentes regiões do mundo, com destaque para os países africanos.
Os dados foram colhidos pela organização que faz o Monitoramento do Mercado do Sistema de Informação do Mercado Agrícola (AMIS), tendo, ao nível da África Subsahariana, constatado aumento dos preços de trigo, milho, arroz e soja. É um resumo dos principais desenvolvimentos do mercado nos últimos meses. Para o trigo, não houve mudanças nas perspectivas, desde Junho de 2022, com produção prevista de 1,0 por cento, menor em 2022 do que em temporadas anteriores.
O estudo avança que, no hemisfério norte, a colheita do trigo de inverno começou, mas o clima quente e seco limita a produção na União Europeia, Ucrânia e Estados Unidos. Já, no hemisfério sul, as condições de seca dificultaram a semeadura na Argentina.
O estudo explica que os índices de grãos e sementes oleaginosas do Conselho e os preços do trigo em Junho de 2022 ficaram acima dos preços de 2021, impulsionados por temores de disponibilidade limitada de mercado por causa da guerra em curso na Ucrânia, embora esses níveis não considerem o recente acordo comercial entre a Rússia e Ucrânia para permitir embarques através do Mar Negro, o que pode aumentar a sua disponibilidade no mercado. Durante a segunda quinzena de Junho, os preços caíram com a pressão sazonal do melhor clima no hemisfério norte.
Durante as piores crises de fome na região do Chifre da África nos últimos 70 anos, de acordo com o World Health, a organização contínua, a abertura comercial e a circulação de mercadorias são vitais para a segurança alimentar. Na África Oriental, são mais comercializados o milho e trigo. Outros alimentos básicos são comercializados e essenciais na alimentação doméstica, nomeadamente arroz, sorgo, açúcar.
O comércio entre países da região, para as mercadorias mencionadas, tem aumentado a níveis acima da média, como as exportações na Etiópia, Tanzânia e Uganda, com déficit alimentar, incluindo Burundi, Quênia, Ruanda, Somália e Sudão do Sul. (FEWS).
Na República Democrática do Congo, pessoas em zonas de conflito continuam a ser deslocadas à força. Os mais recentes incidentes demonstram a limitação das actividades agrícolas e, em consequência, os produtos nos mercados; com isso, em face da procura constante, é prevista a disponibilidade limitada para a safra de produtos agrícolas.
Do estudo, consta que o preço do milho aumentou devido à forte procura de fertilizantes, alimentos, sementes, uso industrial e estoques mais apertados (FEWS). Para mitigar os efeitos da oferta limitada e aumentar os preços dos alimentos, o Governo decidiu, a 18 de Julho, abolir o valor agregado, removendo os impostos de exportação.
Citando uma Avaliação do Malawi, constatou que milhões de malauianos estarão mais vulneráveis em questões alimentares e assistência durante 3 a 5 meses da época que se aproxima, mais do dobro do ano passado (Relatório do Comité de Avaliação de Vulnerabilidades para a época 2021/22, Ministério das Finanças e Assuntos Económicos do Malawi).
O estudo faz estimativas nacionais de produção agrícola nos anos 2021/22 e mostram uma redução da produção agrícola de 19% para o milho, 75% para o trigo e 12% para o arroz. Estoques nacionais de milho sob a Agência Nacional de Reservas Alimentares são baixos (62.475 toneladas) (Produção Agrícola Nacional Estimativa dos resultados da terceira rodada 2021/22, Ministério da Agricultura).
Conforme o estudo, a inflação alimentar subiu para 31,2% em Junho de 2022, de 25,5% em Maio de 2022, e a inflação não-alimentar foi de 16,6% em Junho de 2022 (National Statistical Office).
O aumento das taxas de alimentos ocorre no final da safra de colheita, quando a inflação normalmente afrouxa devido ao aumento dos estoques de milho. O preço de fertilizantes aumentou mais de 70 por cento entre Fevereiro e Julho deste ano. (INTEGRITY)