Mazanga começou por afirmar que, em termos de problemas, as eleições gerais deste ano serão uma réplica das autárquicas de 2023, por falta de vontade de quem deveria garantir a transparência do sufrágio.
“É doloroso trabalhar condicionado numa matéria inerente à soberania do Estado moçambicano. Isso equivale a tomar banho e voltar a usar a mesma roupa. Mas isso acontece porquê? Na nossa opinião, não há vontade de quem de direito em proporcionar condições óptimas para um processo eleitoral genuíno”, denunciou Mazanga.
“É notória a conexão do Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE) com forças estranhas ligadas à Comissão Nacional de Eleições (CNE), o que se consubstancia em desobediência às orientações deste órgão”, avançou o vice-presidente da CNE, Fernando Mazanga.
Para além da alegada falta de vontade na busca por um processo transparente, Mazanga diz não haver meios logísticos para o recenseamento, o que pode comprometer todo o processo eleitoral. A fonte fala também da integração de pessoas duvidosas nas comissões distritais em autarquias.
“O pior de tudo é que, com a vinda das eleições gerais de 9 de Outubro de 2024, entraram novos colegas, nas comissões distritais de eleições, nos distritos sem autarquias, que deviam ter passado por uma indução para a sua integração nos meados dos processos eleitorais”, acrescentou Mazanga.
Outro dado apontado por Mazanga durante a conferência de imprensa está relacionado à má gestão de fundos na Comissão Nacional de Eleições e no Secretariado Técnico de Administração Eleitoral, gestão essa que cria um cenário tenebroso.
O que se vê na CNE e no STAE é, segundo Mazanga, “um autêntico festival de desmandos que se suspeita estarem ligados a uma determinada força política que tira dividendos.”
Adiante, Fernando Mazanga questionou vários aspectos relacionados ao processo: ” Como é possível que um orçamento aprovado pela Assembleia da República, fruto do compromisso dos moçambicanos para com a democracia, tenha de ser filtrado pelo ministro do Governo do partido que está no poder? Onde está a autonomia financeira e patrimonial do órgão independente dos poderes público e privado?”, questionou, para depois revelar que “o STAE tem dívidas com fornecedores, membros das comissões distritais de eleições. Algumas desde Novembro, outras desde Janeiro, e a justificação é sempre a mesma: o sistema não está a fazer pagamentos”, afirmou Fernando Mazanga.
A terminar, o vice-presidente da Comissão Nacional de Eleições pede a intervenção da comunidade internacional no acompanhamento do processo eleitoral, sobretudo na observação do escrutínio de 09 de Outubro, data em que moçambicanos são chamados às urnas para eleger o no Presidente da República e governadores provinciais. (/IMN)