O Conhecimento, a experiência e a informação no tempo da humilde opinião

Depois dum longo tempo de profunda introspecção, se valia ou não a pena, decidi regressar aos meus artigos, que nunca assu(mi)rei tratarem-se de científicos, pois nem ouso seguir procedimentos, escrupulosamente, considerados científicos pela ¨ciência normal¨ na linguagem de Thomas Khun (1962). Estou me referindo dum filosofo contemporâneo de nível clássico ¨na minha humilde opinião¨ o qual argumenta na estrutura das revoluções científicas sobre a necessidade do conhecimento ou modelo de conhecimento ser aferido antes que tome o poder de substituto do anterior modelo (paradigma).

Escrito por: Wilson Profirio Nicaquela, académico moçambicano

Escrito por: Wilson Profirio Nicaquela, académico moçambicano

Neste modesto texto retomo a discussão que estou a desenvolver indirectamente com o Professor Luca Bussoti, um estudioso das Ciências Sociais e sobre Moçambique, que para além do Brasil, actuou como Professor Visitante em algumas universidades da praça em Moçambique e Itália. Neste texto quero ¨acusar-lhe publicamente¨ pela sua postura académica como seguidor da epistemologia do Sul (!?¿¡).

Esta conversa nasceu num tema em que ambos temos mutuo entendimento sobre o qual dizíamos de forma diversa e não diferente que, as universidades moçambicanas ou em Moçambique, na actualidade, deveriam transitar de instituições objectivistas para espaços ecológicos de saberes, como propõe (Boaventura de Sousa Santos)ou seja, temos que respeitar a tal ciência normal, mas avançar para outras possibilidades ou potencialidades estruturalmente fundamentadas que permitem o dialogo de vários conhecimentos (B. S. Santos, 2011).

Até aqui parece-me estarmos dialogando sobre o que, singularmente, propusemos como novo paradigma da universidade, embora o nosso debate ou diálogo acontece nos meios de comunicação social (jornais).

Entretanto, perceber a essência do conceito de diálogo ou do debate, vai para além da informação, solicita a construção de conhecimento. É do conhecimento que emergem as possibilidades ou potencialidades de diálogo científico (B. Santos, 2011 e Edgar Morin, 2001).

Morin (2001), embora reconhece o valor do conhecimento e do progresso científico, aquilo que eu tenho insistido para que possamos valorizar nas universidades em Moçambique, sobretudo, nas universidades emergentes (as nossas elegantes UniRios), há nisso, o lado mau, que são as tais potencialidades. Ou seja, as potencialidades mal-ensinadas, mal-assimiladas, mal-aprendidas e apreendidas ou mal interpretadas podem causar entes, nesta época que Jorge de La Rosa (2014) chama de época da informação e de opinião.

Portanto, numa época em que todo o mundo basta ter acesso a pequeno trecho de informação, forma opinião pessoal, que se diz humilde, uma situação que vulnerabiliza a experiência (Cf. Larosa, 2014), os docentes e as universidades que trabalham com estudantes, nas diversas modalidades, inclusive a pedagogia do distanciamento, precisam acautelar, atenção, refiro de ponderar e orientar com base na experiência viável e solida em termos de conhecimento, o discurso sobre a humildade académica, a liberdade de criação ou inovação, assim como a potencialidade cientifica, sob o risco de estarem criando sujeitos potencialmente suicidas, capazes de manipular o verdadeiro sentido dessas virtudes que resultam de um processo construtivo.

A fragilidade da actividade científica foi descoberta já faz tempos, mas ainda continua presente e activa. Para ser mais preciso no passado, Morin diz que o conhecimento científico foi manipulado e utilizado de forma perversa para a destruição da humanidade nas cidades japonesas de Hiroxima e Nakazaqui, que de la para cá todo conhecimento sobre a energia atómica ou a invenção do Tri Nitro Tolueno representa, potencialmente, um perigo para a humanidade. Mesmo na paz, as sociedades e os políticos desconfiam do perigo (Morin, 2001).

Com efeito, é solicitada uma reinvenção das universidades em Moçambique que elas não sejam um perigo em potencia para a humanidade. A universidade passou nos últimos tempos a ser usada como o fundamento de comportamentos suicidas, muitas vezes que resultam de traços de personalidade dos sujeitos que vão ao encontro da universidade para alicerçar as suas posições de potenciais ameaças da coexistência.

Não estou com isso apelando o dogmatismo, o culto a personalidade, as mesmices, o comodismo, a indiferença, a recitação do que o professor disse, a monotonia ou a reprodução. Embora isso, deve haver racionalidade por detrás das ¨humildes opiniões¨ ou das informações que se tem sobre o facto. A pressa com que vivemos no nosso tempo e que nos obriga a provar os terceiros da nossa posse sobre determinadas informações, impede-nos a construir conhecimentos e vivemos a vida toda opinando sobre tudo, com tudo e para tudo. Isto, pode ser potencialmente perigoso para uma geração ainda em construção e inocente dos valores tanto culturais, quanto patrióticos.

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