Escrito por: Omardine Omar, Jornalista
INTEGRITY – MOÇAMBIQUE, 12 de Agosto de 2022 – Celebra-se hoje, 12 de Agosto, Dia Internacional da Juventude. Nesta data, vários jovens se sentem obrigados a sentar e procurar reflectir sobre os eternos problemas que enfermam a nossa empobrecida sociedade e Nação. Refiro-me a eternos porque, em todas as etapas da vida, desde os anciões aos adultos de hoje, os jovens, ou a maior parte deles, sempre se debateram com a falta de oportunidades e tiveram de suportar governos corruptos e parasitas!
Deste modo, mais do que discutir o conceito de juventude/jovem, hoje, o que mais precisamos é reflectir sobre o que os jovens actuais têm feito para serem os grandes anciões do amanhã. Devemos discutir sobre os nossos maiores pesadelos actuais e encontrar alternativas que nos permitirão acordar deste sono profundo e tumultuoso, que nos acorrentou em barris de cervejas e nas ruas da prostituição helénica.
Hoje, os políticos brincam com os sonhos da juventude, a qual já não marcha e nem pensa num legado da época da força motriz, da fase da transformação intelectual e da defesa de uma Pátria – hoje, somos a geração trivial que fica pendurada nas redes sociais, zombando dos factos mais feios do dia e das frases engraçadas e comediadas – os jovens já não marcham. Eles já não marcham pela liberdade, mesmo quando se sentem aprisionados! – O que mais importa, para muitos jovens, é estar numa tabela periódica de distribuição de cargos governamentais, mesmo quando estes não estão à sua altura!
Vivemos todos tontos, em busca (e mergulhados) de uma vida boa, requintada de prazeres e fábulas, ao ponto de permitirmos que os políticos nos ludibriem e finjam que estejam comprometidos connosco – daí que alguns adultos não conseguem largar o dente da mocidade – querem ser eternos jovens, porque acreditam que ainda fazem parte do tabuleiro dos escolhidos – aqui ninguém quer marchar contra insegurança pública, que atingiu níveis assustadores, porque muitos que irrompem e aderem à violência social são jovens que já não acreditam em dias melhores através do trabalho digno e duro, mas justo!
– Muitos preferem abraçar a triplicidade conceptual (viver, comer e dormir). Vivemos sem esperança, porque alguém a levou e a largou no alto-mar, numa embarcação sedenta de um Comandante jovem e visionário – aqui, os jovens já não marcham pela justiça social – por aqui, os jovens saem à rua para idolatrar quem lhes deveria prestar contas e mostrar o caminho do Jardim do Éden – mas não, aqui saímos à rua, forçados a caminhar, em troca de camisetes, bonés, bandeiras e uma garrafa de tentação!
Os jovens precisam de se libertar das correntes do colono de hoje. Libertar-se das amarras e da sede de crescer e ter muito dinheiro, sem trabalhar, e muito menos, sem lutar pela Pátria que deveria amar, como meu tio Gomar, morto em combate, quando tinha os seus 25 anos de idade – queria a independência do seu povo e da terra que lhe viu nascer – estranhamente, alguns dizem que ele foi traído por jovens iguais e não morreu atingido por uma bala do inimigo, tal como acontece com certos jovens na guerra contra o terrorismo em Cabo Delgado – vamos apanhar lenha, companheiro!
Nesta data, os jovens precisam de marchar mentalmente sobre seus problemas. Caminhar pela EN1, em busca de respostas dos vários problemas que assolam este País estrangulado pelos políticos vampiros que sugam tudo, até as tetas das suas próprias mães, já velhas e presas em cadeiras ou colchões medicinais – os jovens de hoje precisam de marchar pela liberdade e pelo salvamento das riquezas de hoje, assaltadas por quem as deveria redistribuir equitativamente, e sem pensar em dormir numa almofada com quantidades enormes de ouro, como aquele Secretário da terra inundada de minérios preciosos, que, no final do seu mandato, se tornara num dos homens mais ricos desta Pérola das marchas selectivas e de causas fúteis!!!
A marcha da juventude, um caminho necessário, que salvaria Moçambique!