INTEGRITY – MOÇAMBIQUE, 11 de Agosto de 2022 – Celebrou-se ontem, 10 de Agosto corrente, o Dia Mundial do Leão. A efeméride foi comemorada numa altura em que se regista, em África, em particular em Moçambique, vários casos de abate e tráfico de leões.
É neste contexto que a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID, sigla em Inglês), através da Actividade VukaNow da USAID, em Comunicado de Imprensa enviado à nossa redacção, escreve que tem o orgulho de apoiar os esforços da Universidade de Illinois para desenvolver o Lion Localizer (Localizador de Leão), um software inovador para examinar a proveniência geográfica de leões e produtos de leões traficados, com base em sequências de DNA mitocondrial, que tem o potencial para identificar regiões de onde os leões estão a ser caçados.
Segundo a nossa fonte, nos últimos 25 anos, a população de leões de África caiu quase pela metade, devido a ameaças como o comércio ilegal de vida selvagem, a caça ilegal de carne de animais selvagens, a perda e fragmentação de habitat e o conflito entre humanos e leões, pelo que essa tecnologia é uma adição oportuna na luta contra o declínio de leões.
Alfred Roca é Professor do Departamento de Ciências Animais da Universidade de Illinois (nos Estados Unidos da América) e lidera este projecto inovador. Conforme explicou, “os produtos contrabandeados da vida selvagem podem ser movidos para longe de sua fonte geográfica original e ser consolidados ou viajar por vários países, antes de serem confiscados pelas autoridades em um país de trânsito ou destino”, tendo acrescentado que “com os leões cada vez mais sujeitos à caça furtiva por causa de seus dentes, suas garras e outros ossos, queríamos desenvolver um software e bancos de dados para permitir que a Polícia e os laboratórios forenses examinassem a origem geográfica dos leões usando o DNA”. E assim nasceu o Localizador de Leão.
De acordo com Wesley Au, estudante de Pós-Graduação que trabalha no projecto, “o Lion Localizer é um software interactivo que utiliza um banco de dados de sequências de DNA mitocondrial obtidas de estudos publicados, para obter informações sobre as possíveis origens de partes do corpo de leão confiscadas”. Trata-se, pois, de “uma sequência de DNA mitocondrial, que pode ser facilmente produzida usando DNA extraído de amostras de tecido de leão, é usada como consulta para o software”. Além disso, “o software cria uma lista de todos os locais na África a partir dos quais os leões têm uma sequência de DNA específica e situa esses locais em um mapa da África. Isso torna possível identificar regiões de onde os leões poderiam ter sido caçados”, sublinhou.
Esse conhecimento, por conseguinte, ajudará a combater o crime contra a vida selvagem, sugerindo que os leões sejam de uma região específica da África e excluindo a probabilidade segundo a qual os leões teriam vindo de outras regiões. Isso fornecerá à aplicação da lei informações úteis para uma investigação mais aprofundada.
O software pode também fornecer informações sobre quais populações de leões foram recentemente atacadas ou estão a ser repetidamente atacadas por caçadores furtivos, permitindo, deste modo, que medidas de mitigação sejam implementadas. É importante ressaltar que os laboratórios forenses de aplicação da lei poderão colectar tais informações, utilizando o Lion Localizer, sem a necessidade de se ter conhecimentos específicos de espécies ou um grande investimento em tempo e recursos limitados.
Por sua vez, Deborah Kahatano, Representante da Actividade VukaNow da USAID, mostra-se entusiasmada em apoiar o desenvolvimento deste software por meio de uma doação, pois está intimamente alinhado com os objectivos da Actividade. Para ela, “o software actuará como um complemento essencial às ferramentas que temos disponíveis para combater o crime contra a vida selvagem na região. Além disso, apoiará a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC, sigla em Inglês) na implementação da sua estratégia de Aplicação da Lei e Anti-Caça Furtiva (LEAP, sigla em Inglês), promovendo o seu objectivo, que é minimizar os crimes contra a vida selvagem e o comércio ilegal.”
Portanto, o futuro parece brilhante para esta estimulante tecnologia. Embora o software actualmente use informações de um fragmento de DNA, à medida que sequências e marcadores de DNA adicionais se tornam disponíveis para leões, deve ser possível aumentar ainda mais a precisão das estimativas da origem geográfica dos produtos de leões. “No futuro, o software e os métodos desenvolvidos também podem ser aplicados a outras espécies traficadas para as quais sequências de DNA geograficamente referenciadas estejam disponíveis”, assegurou o Dr. Roca. (INTEGRITY)