Na missiva em nossa posse, os estudantes escrevem o seguinte: “viemos por meio desta, expor a situação caótica e lastimável na qual se encontra a Universidade Lúrio, especificamente a Faculdade de Ciências de Saúde (FCS), que virou um autêntico cemitério de sonhos, isso tudo por uma má gestão perpetrada pelos dirigentes, desde a Reitoria da Universidade Lúrio até a Direcção da Faculdade de Ciências de Saúde.”
Segundo os denunciantes, “para quem algum dia conheceu a Universidade Lúrio, sabe muito bem que agora ela perdeu a boa imagem que tinha, e o seu sistema académico é dos mais críticos que já existiu, devido a má regência da reitora Leda Hugo, Director da FCS Alarquia Saíde, coordenador do Curso de Medicina François Biombe, tudo porque, desde o empossamento da nova reitora, a universidade perdeu o seu brilho e prestígio, perdeu os melhores docentes e funcionários, e está tudo à sorte. Estamos num nível em que algumas cadeiras, quem leciona as aulas aos estudantes do 1º e 2º ano, são estudantes do 3º, 4º, 5º e 6º ano, e noutras cadeiras são feitas “magaivas” que mesmo eles não entendem.”
Os denunciantes afirmam que “os estudantes do curso de Licenciatura em Medicina, os mais lesados, sofrem calados por medo de represálias/expulsões que os dirigentes colocam. Há estudantes de Medicina do 6º ano que tiveram que ir estagiar no Hospital Central de Quelimane (algo que nunca havia acontecido na história da faculdade), por conta de dívidas que a Faculdade tem com Tutores de Estágio do Hospital Central de Nampula. Não pagam os Tutores há mais de três anos, levando os tutores a recusarem receber estudantes dos diversos cursos de saúde (Medicina, Enfermagem, Optometria, Nutrição e Farmácia), no HCN.”
“Em conversa recente entre a Reitoria e o HCN, a Reitora mostrou-se renitente em celebrar contratos e pagamentos aos Tutores que vêm assegurando o estágio naquele Hospital de referência, deixando assim os estudantes sem rumo há sensivelmente quatro meses, contando que mesmo quando são recebidos, há rotações que os estudantes são obrigados a parar por tempo indeterminado por conta dos pagamentos atrasados, ou melhor dizer, nunca dados. Uma vez que a FCS sempre recorre a meios impróprios para a resolução desses problemas”, revelam os denunciantes.
Prosseguindo, os denunciantes dizem que “os estudantes na fase clínica (desde o 3º ano até o 6º ano), que deveriam estar a correr em seus estágios no Hospital Central de Nampula, estão neste momento sem rumo algum. Na tentativa de uma marcha pacífica, mas a faculdade abortou a ideia usando ameaças de expulsão e reprovações.”
“Os estudantes do 6º ano (Médicos Estagiários), que correm actualmente no 7º ano sem ter sofrido reprovações e sem alguma previsão de culminação de curso, para a celebração de contratos de estágios integral, tiveram que pressionar a faculdade que estava na posse dos valores desembolsados pelo Ministério da Saúde (MISAU) para o efeito, mas mesmo assim houve grande injustiça pela redução dos valores sem alguma explicação prévia, que deveria ser 80% do salário do Médico e seus subsídios, e foram obrigados a assinar os contratos e até hoje não se sabe o rumo desses contratos e muito menos em que pé se encontra o processo. Os Médicos Estagiários estão neste momento sentados sem algum rumo”, afirmam os denunciantes.
De acordo com os denunciantes, “os docentes/funcionários daquela Universidade, estão em constante pedido de demissão por conta da falta de valorização do seu trabalho, falta de salários há meses, e falta de condições mínimas para exercer as suas funções naquela Universidade, que recentemente foi considerada uma das melhores do País.”
“Em forma de conselho aos que concorreram para diversos cursos naquela Universidade, aconselho a não seguirem em frente até que as condições melhorem, até que haja uma nova regência e direcção para aquela faculdade, pois o que se retratou neste pedido de socorro, não é nem a metade do que se vive lá. Invistam em Universidades privadas, ou ainda nas públicas que ainda valorizam a formação académica”, advertiram os denunciantes.
Diante disso, o grupo escreve o seguinte: “pedimos encarecidamente que se faça chegar este pedido de socorro a entidade superiora com vista a REANIMAR aquela Universidade que nalgum dia já formou melhores quadros que dirigem vários postos deste País e mundo fora, pedimos que se REAVALIE as estruturas que regem aquela instituição que algum dia foi a melhor instituição da região norte do País.”
Sobre a denúncia, “Integrity” apurou de uma fonte idónea que pediu anonimato no Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (MCTES) que o caso está a ser analisado e que haverá ‘novidades’ nos próximos tempos, uma vez que a situação afecta drasticamente a imagem e a reputação daquela instituição de ensino superior pública. (O. Omar)