Escrito por: Pedro Tawanda
INTEGRITY – MOÇAMBIQUE, 11 de Agosto de 2022 – Pedi a audiência para dizer que, logo pela manhã, imprimi o piloto do meu receptor televisivo da marca Japonesa SHARP, já que temos de recorrer àquele mercado para adquirir um aparelho similar, porque a nossa indústria electrónica, na altura, liderada pela Xirico, faliu antes do tempo dos meus irmãos. Vi, na televisão-mãe, uma senhora dando aula de Yoga, uma actividade de fisiculturismo bastante aderida por gente nobre.
A senhora ia-me estimulando a mim e tantos outros telespectadores que estavam pregados àquele canal, com mensagens como: abra as mãos, inala, fecha, exala, estica os pés, inala, dobra exala, abra o cervical, inala e fecha exala, por fim, pediu-me para sorrir e transmitir alegria à minha família. Fi-lo e senti-me tão nobre e motivado.
Excelência:
Voltei ao meu eu quando o mesmo canal começou com o seu bloco informativo, cuja capa vinha a sua figura no anúncio de medidas de estímulo à economia nacional. Para não queimar muito tempo, permita-me a ousadia porque vou focar-me em três ou quatro aspectos.
Primeiro: falou de redução de taxa de IRPC de 32 para 10% na agricultura e transportes.
Uma medida acertada, excelência, tendo em conta que a agricultura foi e sempre será base do desenvolvimento – havia que se dar algum estímulo para a área.
A medida poderá pecar quando os operadores da área forem como os panificadores que, quando o Governo anunciou a subida do preço do pão, na mesma proporção, os padeiros reduziram os gramas do produto. Com isso, quero dizer que as empresas agrícolas não devem produzir e colher precocemente os seus excedentes ou, mesmo, aumentar de duas para cinco épocas ao ano, na produção de milho, por exemplo, temendo que Sua Excelência mude de ideia e volte para a medida anterior.
Sabe-se que, com a medida de isenção do IVA na importação de factores de agricultura e energia, os nossos empresários terão como colocar a robustez nas firmas de manutenção dos nossos tractores como os adquiridos no âmbito do programa SUSTENTA, porque se sabe que, como forma de encontrar soluções locais, as máquinas são reparadas de baixo de uma mangueira, imagina Excelência? Se o dono da mangueira acorda mal-humorado e decide cortá-la, onde vamos encontrar o mecânico para parafusar as nossas máquinas?
Conforme disse na sua explanação, será alocado 10% das receitas fiscais para o desenvolvimento das províncias de exploração dos recursos naturais – que assim seja Excelência: que os dinheiros caiam aos legítimos donos, aqueles que vêem suas terras usurpadas por investidores estrangeiros, que, depois de pilharem todos os recursos, deixam nas comunidades marcas de pobreza, insatisfação e intrigas entre as tribos locais.
Excelência, somos mais de 30 milhões de habitantes. Cada um de nós precisa dirigir-se a sua Alta Majestade da Nação, por isso vou terminar a minha interpretação por aqui e anúncio a minha retirada.