Segundo consta num ofício enviado às autoridades governamentais, policiais e religiosos e assinado pelos crentes e que temos uma cópia em nossa posse, os crentes da Paróquia Rainha Santa Isabel em Mocuba pedem que a obra seja embargada, uma vez que está a ser erguida dentro da Igreja Paroquial – Mocuba.
“Os Paroquianos da Igreja Rainha Isabel de Mocuba, viram-se surpreendidos quando num encontro do Conselho paroquial foram informados que iam decorrer obras dentro da sua Igreja que tinham como pano de fundo angariação de receitas para a igreja. Porém, tratando-se de uma informação que não avançou os detalhes, os presentes quase não foram permitidos a questionar. Dias depois viram o muro da Paróquia destruído e a iniciar no fundo da mesma uma construção de uma rampa que serviria para a lavagem de carros”, denunciam os crentes.
De acordo com os crentes, “a Igreja não foi ouvida sobre todas as formalidades que iam acontecer, no dia 18 de fevereiro do ano em curso, reuniu-se com alguns Bibis e cristãos idóneos para aferir o que se estava a passar. Portanto, o Bibi da zona paroquial recusou-se a comparecer e os presentes decidiram mandar um grupo de fiéis para contactar o Pároco da paróquia Abel Inchamo Canada.”
Na carta em nossa posse consta que “reunidos com o Pároco sobre o assunto, ele confessou que na verdade apenas informou no conselho paroquial e reconheceu o erro que cometeu, mas esperava que ao longo do percurso das obras iria reunir ‘o Povo de Deus’ para dar detalhes. Os cristãos que representavam a maioria criticaram abertamente ao Pároco e pediram que ele apresentasse o contrato que dizia ser de 5 anos, mas este afirmou que não tinha assinado. Desta feita, a comunidade recomendou que após a elaboração do contrato deveria submeter à comunidade. Seguidamente solicitaram que se reunisse com o empresário pretendente para que paralisasse as obras. Ele concordou, infelizmente as obras continuaram a decorrer e o Pároco surpreendentemente mais tarde pediu que a comissão reunisse com tal empresário, algo que não estava plasmado. Contudo esta tentativa de encontro acabou fracassando por culpa do Padre.”
Segundo referem os membros da Comissão, “as formalidades de entendimento com o Pároco já esgotaram e ele já ameaça de morte aos responsáveis da comissão ad hoc, além de as obras continuarem que leva a comunidade a decidir o seguinte: – Que seja emitido um ultimato para paralisação das obras por parte das estruturas competentes dado que temos conhecimento que nem o Conselho Municipal, nem o Governo do Distrito tem conhecimento, somente vêm o decurso das obras.”
A comissão afirma que “as obras estão a decorrer num local impróprio porque é terreno da Igreja (Local sagrado e reservado para missas campais) e está junto ao Hospital Distrital que poderá perturbar aos pacientes, em frente do Comando Distrital da PRM, Praça dos Heróis Moçambicanos e ainda em frente da estrada que não oferece condições para este tipo de empreendimento.”
O grupo denuncia que um “outro pormenor” é que o empresário Carlos Sabonete pensa em abrir um Take Away no local e que vai albergar muita gente estranha. Os fiéis pedem que as estruturas competentes intervenham para a paralisação das obras o mais breve possível.”
O ofício assinado por 35 membros da Comissão foi emitido no dia 21 de fevereiro e submetido no dia 23, foi enviado ao Reverendíssimo Administrador Apostólico da Diocese de Quelimane com o conhecimento do Administrador de Mocuba, Presidente do Conselho Autárquico, Procurador Distrital, Comandante da PRM, Presidente do Núcleo Distrital das Confissões Religiosas, Presidente de ANAMOCUBA e Conservador do Registo Civil e Notariado.
No entanto, “Integrity” não conseguiu colher as versões do Padre Abel Inchamo Canada, do empresário Carlos Sabonete, do Município e do Administrador Apostólico da Diocese de Quelimane, deixando em aberto os próximos passos da “guerra entre os crentes e o Pároco”. (INTEGRITY)