VENTOS QUE NÃO SOPRAM

A sorte tardará chegar, os problemas não paravam de aumentar, não havia um pingo se quer de solução à vista. Assim era o dia-a-dia de uma família chefiada por Malangão, senhor prestativo, pronto a servir e ajudar a quem precisasse, mas sempre lamentava que a bonança na vida tardará pairar.

Continuava assim, sempre a batalhar e pronto a servir por tudo que der e vier. A esperança jamais morreria enquanto honrava na terra a vida da sua saudosa e carinhosa mãe.

De biscato à biscado, a sola do sapato gastava-se por completo, mas isso motivava-lhe a continuar, porque no final do dia conseguia o seu farnelo de forma honesta e digna.

Enquanto ganhava aos pouquinhos, esperava também pela sua indeminização pela reforma que nunca se fazia sentir passados oito anos de intenso pavor e recorrências ao tribunal. Este era o grande martírio, a pedra no sapato, a gota de água no oceano, a luz que nunca acendia mesmo colocadas pilhas novíssimas. Os defensores públicos e privados já conheciam o caso, até fazia algumas farpas:

Coitado do velhinho! Só olhava e baixava o rosto. (José Mulodiua)

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