A Comissão Política do partido Frelimo, o órgão de gestão deste partido no intervalo entre as sessões do Comité Central, reúne-se hoje, segunda-feira, 12 de fevereiro, em sessão alargada a outros quadros, com destaque para os primeiros secretários provinciais que já se encontram em Maputo.
A reunião de hoje vai endossar o Comité Central a fazer a escolha do candidato a Presidente da República por este partido que pela regra será o sucessor de Nyusi na presidência da Frelimo. A reunião acontece depois de uma longa espera e sem qualquer indicação dos pré-candidatos, o que não é comum na Frelimo.
O próprio Nyusi foi anunciado pré-candidato em 11 de dezembro de 2013 e eleito candidato2 na longa madrugada de 2 de março de 2014. Já não havia mais espaço para Filipe Nyusi, que tentou sem sucesso forçar um terceiro mandato, continuar a adiar a escolha do candidato presidencial da Frelimo.
Há quem diga que, falhado o plano do terceiro mandato, Nyusi entrou num exercício de procurar candidatos da sua confiança, à semelhança do que fez Armando Guebuza quando indicou o próprio Nyusi, Alberto Vaquina e José Pacheco, numa perspectiva de assegurar a continuidade no poder.
Um dos preferidos de Nyusi é o actual ministro da Agricultura, Celso Correia, o cérebro da mega-fraude que será levada ao próximo conclave dos camaradas como trunfo da actual direcção. Mas as propostas de Nyusi podem encontrar oposição no Comité Central com exigências de abertura a mais nomes como aconteceu em Março5 de 2014. Outrossim, ter alguém da confiança de Nyusi como Presidente da República não garante nada. Quando Nyusi venceu as presidências e foi ocupar o Palácio da Ponta Vermelha, acreditava- se que fosse a extensão do poder de Guebuza, mas sucedeu exactamente o oposto.
Em pouco tempo, Nyusi comportou-se como o cão raivoso que se volta contra o próprio dono. Até hoje, Nyusi e Guebuza estão numa zanga de comadres indisfarçável que se arrasta desde o início do processo das dívidas ocultas que levaram ao julgamento e prisão do seu filho Ndambi Guebuza e do núcleo6 duro do seu consulado.
A reunião de hoje é uma espécie do princípio do fim de um consulado de dez anos de Filipe Nyusi que não deve deixar muitas saudades do ponto de vista de direitos, liberdades e garantias fundamentais dos cidadãos. Foi um consulado caracterizado por uma sistemática violação dos direitos humanos e fundamentais, bem como pelo fechamento do espaço cívico. (TEXTO: CDD)