Escrito por: Pedro Tawanda, correspondente da Integrity em Manica
INTEGRITY – MOÇAMBIQUE, 04 de Agosto de 2022 – Tudo começa quando o homem decidiu deixar para trás uma relação intrometida que havia com uma irmã da igreja e que já criava mal-estar na sua união marital, que durava pelo menos 10 anos. Sentindo-se abusada, eis que a irmã em Cristo, foi-se auto apresentar como a segunda esposa do seu amado irmão, daí “o bicho pegou”!
Num daqueles sábados amenos em que os casais decidem de mãos dadas irem as compras, o do meu bairro agudizava a rixa que perdurava três meses porque estavam goradas todas as tentativas de reconciliação. O sábado veio confirmar a separação daqueles que só Deus pode, uma vez que a mulher decidiu recorrer ao seu kit de primeiros socorros e de lá tirar 20 paracetamol, que de seguida foram por ela embutidos numa só dose. Era um adeus porque a medicina fez de tudo para salvar a senhora que dias antes estava cheio de vida, muita alegria e longe de todos que o sábado seria tão fatal, não só para o homem adúltero, mas também para os três menores que tão precoce perderam o privilégio de ter o carinho de uma mãe.
Comunicou-se a família sobre o sucedido e a da mulher junta-se em gang e vêm com tudo para tirar as satisfações.
Aaah porque ele não pagou o lobolo.
Aaah porque era muito abusado.
Aaah porque maltratava a nossa irmã.
Esse senhor batia a esposa com catana e martelo, assim punha fogo na confusão uma Maria queixinha que talvez não se simpatizava com o homem que confessava aos demais que mais do que a mulher suicida ele é que estava morto pela confusão.
Eram berros em jeito de tira temas que nunca acabavam num cenário em que o marido da falecida virou saco de pancadas durante três dias sob olhar impávido dos residentes que viam comprometidos os seus compromissos porque previam que as exéquias fúnebres tivessem lugar segunda-feira de manhã, mais tardar e sem escaramuças.
Longe da razão, os familiares da mulher que decidiu partir para o mundo do além por conta própria queriam o lobolo pago e outras multas para deixarem a sua ente querida ir descansar em paz e na graça de Deus.
Foi preciso recorrer a polícia que montou a esquadra no local e foi obrigada a desferir ao ar dois tiros para amainar os ânimos porque a liderança comunitária não conseguia desfazer-se do equívoco que mesmo assim há quem tentou dar a testa as balas defendendo com unhas e dentes que a malograda devia ser enterrada no cemitério sob pagamento de fiança, se não o acto seria no centro da sala de estar da pacata cabana do casal.
Depois de muita negociação ou mesmo pelo respeito a morte porque reza a velha máxima que basta no cemitério a cova pernoitar aberta a família daquele que seria enterrada no local irá uma por uma e anualmente partir de forma estranha.
Valeu porque tudo acabou bem e foi pela primeira vez que se viu um funeral de Cafres no meu Bairro a acontecer pelas 17 horas, porque há quem queria o lobolo como aval para que a tal cerimónia acontecesse.