Dados colhidos até ao momento pela “Integrity” indicam que o acordo era para a exportação de 200 mil toneladas anuais de feijão bóer para aquele país asiático. Porém, as autoridades indianas abriram, desde novembro de 2022, espaço para operadores nacionais exportarem de forma livre o feijão bóer, sem a observância do limite das 200 mil toneladas estabelecidas. Isto representou uma oportunidade para Moçambique incrementar o seu volume de exportações, mas um “estranho bloqueio” nos Portos de Nacala e Beira, impossibilitou a exportação livre daquelas leguminosas, essencial para a dieta alimentar dos indianos.
Devido a confusão que havia se instalado, a Índia já tinha levantado a possibilidade de abandonar o produto moçambicano, onde milhares de pequenos agricultores espalhados pelo país poderiam ter o seu rendimento em risco. Mas com a nota do Ministério da Indústria e Comércio da Índia, datado de 28 de dezembro corrente, milhares de pequenos agricultores podem continuar a produzir na campanha de 2024, tendo em conta que o regime livre de importação na Índia foi prorrogado até março de 2025. O mesmo documento indica que está também aberto no mercado indiano, sem restrições, as importações de feijão mungo (lentilha preta), conhecida na província da Zambézia, centro de Moçambique, como feijão soroco.
Moçambique é o maior exportador africano de tur dal (feijão bóer) para a Índia e o MADER (Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural) estima que as exportações este ano poderão atingir as 320 mil toneladas.
Durante a visita de trabalho, o Presidente da República vai procurar expandir as oportunidades de investimento em Moçambique, um país em franco desenvolvimento, onde na ocasião, vão participar na 10ª Edição da Cimeira Global de Gujarati que durante o evento, Moçambique vai demonstrar o seu empenho no cenário global de negócios e investimentos.
Já com o Primeiro-Ministro indiano, espera-se que se aborde sobre o progresso da cooperação bilateral nas áreas de comércio, indústria, energia e recursos minerais. Ainda na agenda do Presidente Nyusi consta a sua participação no Fórum de Negócios, um palco privilegiado para apresentar as oportunidades de investimento em Moçambique.
Seguem para Índia com o Presidente da República, Filipe Nyusi, a Primeira dama, Isaura Ferrão Nyusi, e altos representantes do governo, incluindo os Ministros da Indústria e Comércio, Silvino Moreno; Recursos Minerais e Energia, Carlos Zacarias; e o Vice-Ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Manuel Gonçalves.
De destacar que a inclusão na comitiva presidencial do Ministro da Indústria e Comércio, Silvino Moreno, tida em certos corredores económicos como de vital importância para amainar o choque diplomático que se assistiu nos últimos meses de 2023, com o barramento das exportações do feijão bóer, um alimento extremamente importante na dieta indiana que neste momento é o País mais populoso do mundo, com 1,428 bilião de habitantes, segundo a UNFPA (2023), seguido da China com com 1,425 bilião de pessoas. (INTEGRITY)