A história de um crime que não compensou: Juidinaldo da Costa foi presidir mesa de voto de Coalane já com candidatura a director do STAE em curso

Namarrói dista a 345 km de Quelimane. Juidinaldo da Costa Reffel era director da Escola Secundária de Namarrói. Abandonou a escola para cumprir uma missão partidária de presidir uma mesa de votação com um propósito claro: manipular os resultados eleitorais a favor do partido Frelimo.

Quando Juedinaldo da Costa foi recrutado para ser presidente de mesa de voto em Quelimane, já estava em curso a sua candidatura ao cargo de director distrital do STAE de Namarrói, o que significa que tinha motivação suficiente para se recusar a assinar as actas e editais de mesas de voto que davam vantagem ao partido Renamo.

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O STAE Central orientou, por circular de 12 de Setembro, aos STAE distritais para procederem ao lançamento de concursos públicos locais para a selecção de directores onde não existissem. Namarrói era um dos distritos sem director do STAE e Juidinaldo da Costa concorreu sozinho por indicação expressa do partido Frelimo.

Na madrugada de 12 de Outubro, Juidinaldo da Costa Reffel foi protagonista de uma cena própria de filmes. Negou assinar as acta e o edital da mesa onde era presidente, na EPC de Coalane. Manteve os documentos com ele, o que obrigou os simpatizantes da oposição a arrastá-lo e agredi-lo quando tentava empreender uma fuga com os referidos documentos.

No dia 23 de Novembro, um mês após as eleições, Juidinaldo da Costa Reffel, já apurado por concurso público, toma conhecimento de que iria ser empossado em Ile como director do STAE Distrital de Namarrói. A cerimónia decorreria no dia 29 de Novembro e deveria iniciar as suas funções no dia 1 de Dezembro.

O que ele não sabia era que o seu sacrifício na madrugada de 12 de Outubro iria ser em vão. Os seus
actos naquele dia eleitoral impedir-lhe-iam de ocupar o cargo por que tanto lutou. A Procuradoria
abrira-lhe dois processos de crime eleitoral.

No dia que em devia iniciar as funções como director Distrital do STAE de Namarrói (1 de Dezembro), o director Provincial do STAE na Zambézia recebeu a notificação da Procuradoria Provincial da Zambézia a solicitar a exoneração de Juidinaldo da Costa Reffel das funções para as quais tinha sido nomeado dois dias antes. A Procuradoria justifica o pedido de exoneração de Juidinaldo da Costa com dois processos abertos contra ele relacionados com os ilícitos eleitorais de 11 de Outubro.

Foi assim que Juidinaldo da Costa Reffel elaborou, no mesmo dia, uma carta a pedir a demissão do cargo de director de STAE de Namarrói. Ele alegou que o pedido se devia a “motivos profissionais” sem se referir que a sua demissão é por solicitação da Procuradoria provincial.

A Frelimo recorreu aos directores e funcionários que ocupam cargos de direcção nos distritos e localidades distantes porque desconfiava dos professores, principais protagonistas de fraudes eleitorais em todos os processos eleitorais. Os professores deram costas ao Governo após a fracassada reforma salarial que levou ao colapso das suas finanças. Ademais, estão a ser devido salários de horas extraordinárias.

Muitos professores tinham ameaçado que se iriam retaliar nas eleições autárquicas, uma vez que são eles os principais autores das fraudes à favor da Frelimo. A ameaça fez a Frelimo orientar o STAE para evitar colocar professores para posições-chave nas mesas de assembleias de votos. Por isso, foi buscar directores e outros funcionários com cargos de direcção em distritos distantes.

E Juidinaldo da Costa Reffel é um leal servidor da Frelimo, naturalmente à espera de uma recompensa, mas o que poderá receber são penas de prisão eventualmente convertidas em multas. (CIP)