INTEGRITY, MAPUTO, 02 de Agosto de 2022 – Há quatro anos, Tawanda Kasirori imaginou um novo Zimbabwe em que viveria uma economia próspera e uma democracia florescente. Hoje, nada disso aconteceu e apenas um lampejo dessa esperança permanece, mesmo quando as eleições presidenciais de 2023 acenam.
Em julho de 2018, Kasirori, um apoiador da oposição, acreditava que o jovem político Nelson Chamisa venceria as eleições presidenciais e acabaria com o domínio do partido governante da União Nacional Africana do Zimbábue-Frente Patriótica (ZANU-PF), que está no poder desde independência do país em 1980.
Essa esperança se dissipou quando a Comissão Eleitoral do Zimbabwe (ZEC) atrasou o anúncio dos resultados das eleições. Isso provocou protestos de rua no centro de Harare que as autoridades reprimiram disparando balas reais contra os manifestantes, matando seis e ferindo outros, a 1 de Agosto de 2018.
Em seguida, o ZEC anunciou que Emmerson Mnangagwa, que havia assumido em Novembro de 2017 o primeiro presidente do Zimbábue, Robert Mugabe, havia vencido.
“Ainda acredito que Chamisa venceu”, disse Kasirori, agora com 42 anos, à Al Jazeera. “Tenho certeza que ZEC fez alguma coisa.”
Hoje, milhões de apoiantes de Chamisa então parte da coalizão do Movimento pela Mudança Democrática, agora na Coalizão dos Cidadãos pela Mudança (CCC) acreditam que o partido no poder interferiu nas eleições e está a preparar-se para fazê-lo novamente em 2023.
Desde a independência, o ZANU-PF tem sido o único partido no comando, excepto por um acordo de partilha de poder entre 2009 e 2013 entre o falecido Robert Mugabe, o primeiro presidente do país e o falecido líder do Movimento para a Mudança Democrática Morgan Tsvangirai, que foi primeiro-ministro. E essa longa jornada do partido no poder causou dissidência.
A alta inflação e a rápida desvalorização da moeda local afundaram a economia do Zimbábue nas últimas duas décadas, agravadas pelo declínio da produção manufactureira e que levaram a até 90% de desemprego hoje.
Houve fortes pedidos de mudança entre muitos dos cerca de 15 milhões de pessoas do país, que culpam o ZANU-PF pela má gestão económica. – Aljazeera