INTEGRITY – MOÇAMBIQUE, 02 de Agosto de 2022 – Cinquenta anos depois, o Governo moçambicano reconheceu o régulo Mangunde, Macacho Mariceta Dhlakama, de 91 anos de idade, pai do então líder da RENAMO, Afonso Dhlakama. Macacho foi oficialmente investido esta segunda-feira (01), numa cerimónia, onde recebeu o uniforme, a bandeira da República de Moçambique e insígnias.
Régulo Mangunde, cujo nome completo é Macho Mariceta Dhlakama, depois de 50 anos que vem exercendo o cargo no distrito de Chibabava, província de Sofala, foi ontem reconhecido pelo Estado.
Trata-se dum acto que marca o fim da suposta rejeição em receber e usar o uniforme com símbolos do Estado, alegadamente por questões de natureza política, já que o seu filho, Afonso Dhlakama, há anos foi líder da Renamo, partido que conduziu a guerra civil em Moçambique durante 16 anos.
A cerimônia de reconhecimento da autoridade comunitária de Mangunde foi orientada na sua residência, uma mini-aldeia como mais de 15 casas, na sua maioria, palhotas. Foi assistida pelos seus homólogos de primeiro, segundo e terceiro escalão, os quais, logo pela manhã, acompanhados por mulheres e crianças, encheram a casa de Macacho para testemunhar o evento que culminou com o içar da bandeira da República.
Para Tome José, Administrador de Chibabava, o reconhecimento é uma mera formalidade, visto que desde muito foi considerado autoridade e sempre trabalhou com o seu povo.
Referiu que a oficialização lhe garante o direito e dever de participar em todas as cerimónias do Estado e/ou oficiais na sua área de jurisdição e no distrito.
Fez saber que, dos 537 líderes existentes em Chibabava, é o mais velho e antigo; daí a investidura revestir-se de capital importância para o distrito. “Cumpridas todas formalidades legais, declaro reconhecido o régulo Mangunde”, avançou o Administrador depois de entregar a bandeira e outros símbolos de poder.
De salientar que foi durante o cerimonial que Tomé José pediu aos presentes que, caso houvesse algum contestatário, levantasse e se pronunciasse, ao que todos concordaram em ver Macacho Marieta Dhlakama reconhecido pelo então Estado moçambicano.
“Estamos muito satisfeitos pelo ensejo. Já que está numa idade avançada, em algumas cerimónias, eu como mais novo é que o representava, mas sempre me era questionado o porquê de ele não ter uniforme. Mesmo tendo fugido durante a guerra dos 16 anos, com a assinatura do acordo geral de paz em 1992, ele retornou às origens e continuou como régulo até hoje”, descreveu Arone Dhlakama.
Juhda Likico, ugandesa, freira na Missão de São Francisco de Assis em Mangunde, considera a investidura um ganho para o país. “Pessoalmente, sinto-me feliz por estar aqui. Isto é algo positivo para o país porque vai trazer unidade e desenvolvimento”, disse.
No entanto, Régulo Mangunde mostrou-se satisfeito pelo reconhecimento da sua autoridade: “Estou muito contente pelo facto de o Estado ter-me oficializado como régulo. Estou satisfeito.”
Intervindo na ocasião, disse que a situação que o país viveu com a guerra dos 16 anos atrapalhou muito para que ele fosse investido “estive sempre aberto, de tal forma que sempre participei em quase todas as reuniões do Governo.” (INTEGRITY)