Entretanto, quando se esperava que o Acórdão da proclamação dos resultados eleitorais fosse um instrumento de pacificação e consenso, eis que o mesmo acabou sendo mais um barril de pólvora que a qualquer momento irá rebentar ou aumentar o descontentamento da população que se diz cansada da governação actual da Frelimo. Ainda na sala onde o Acórdão foi lido, a mandatária da RENAMO contesta os resultados, tendo dito que o Partido não aceita os resultados e que nos próximos dias muita “água irá rolar por debaixo da ponte”.
Já o MDM, através do seu porta-voz, Ismael Nhacuecue, contestou os resultados, tendo defendido que o partido para além da Beira, venceu as eleições em Dondo e Gorongosa, mas mesmo assim, esta vontade popular não foi respeitada pelo CC. Entendimento diferente tem Verónica Macamo, mandatária nacional do Partido Frelimo que falando à imprensa prometeu “honrar cada voto dos eleitores com trabalho”. Fernando Mazanga, vice-presidente da CNE, reiterou que ficou confirmado tudo aquilo que vem denunciando e que seu futuro naquele organismo depende da decisão do Partido.
Portanto, para o jornalista e pesquisador do Centro de Integridade Pública (CIP) Borges Nhamirre, que falava no CIPCAST, “o Acórdão do CC é lixo”, uma vez que não explica como um partido pode perder 29 mil votos sem qualquer justificação. Nhamirre defende que deve haver outra eleição antes que questões de género sejam clarificadas e as actuais equipes do CC, CNE e STAE sejam afastadas, porque estarão a ser gastos fundos públicos para processos fraudulentos como estes.
Para a activista Quitéria Guirengane, que falava num programa transmitido pela TV Sucesso, o Acórdão do CC “burlou os moçambicanos” porque ignorou vários casos que constavam nos recursos submetidos pelos partidos políticos em contestação aos resultados eleitorais. Guirengane defende que “a presente decisão do CC vem desanimar os moçambicanos que desde 1994 vêm sendo contados sempre as mesmas histórias.
Contudo, devido ao ruidoso acórdão do CC, muitos moçambicanos dizem que já não irão votar mais até que o processo passe a ser mais sério e verdadeiro. Havendo aqueles que defendem outros métodos de reposição da legalidade, mesmo que envolva uma violência maior contra aquela praticada pelas autoridades policiais partidárias como se assiste em Moçambique. (Omardine Omar)