Em Moçambique, as cerimónias centrais tiveram lugar nas instalações do Hospital Provincial da Matola (HPM), na Província de Maputo, evento dirigido por Sua Excelência Ilesh Jani, Vice-Ministro da Saúde, que referiu no seu discurso, que a prematuridade constitui um problema de saúde pública global e que os bebés prematuros sobrevivem menos do que os bebés de termo.
As complicações associadas ao parto prematuro são, de acordo com o governante, a principal causa de mortalidade neonatal, isto é, mortalidade em crianças menores de 28 dias, sendo que estimativas da OMS indicam que a prematuridade está associada a cerca de 1 milhão de mortes neonatais anualmente a nível global.
No caso de Moçambique e citando o Inquérito Demográfico e de Saúde há registo, de acordo com Ilesh Jani, progressos assinaláveis na redução das taxas de mortalidade neonatal e infantil.
“A taxa de mortalidade neonatal reduziu de 54 óbitos por 1,000 nados vivos em 1997 para 24 óbitos por 1,000 nados vivos em 2022”, explicou, reconhecendo que apesar de a tendência ser muito encorajadora, o Governo, através do Sector da Saúde reconhece que o País enfrenta sérios desafios para atingir as metas de taxa de mortalidade neonatal preconizadas para 2030, de 12 por 1,000 nados vivos.
“Um dos desafios que temos é o de reduzir a taxa de nascimentos prematuros e melhorar a sobrevivência dos bebés prematuros. A taxa de nascimentos prematuros, isto é, a percentagem de nascimentos prematuros por cada 100 nascidos vivos varia de 5 a 18 por cento ao nível global. Em Moçambique, esta taxa foi estimada em 16 por cento em 2018. Dados do nosso sistema de vigilância de mortalidade e causas de morte indicam que a prematuridade está associada a 41% das mortes neonatais em Moçambique”, disse.
O Vice-Ministro da Saúde falou também das causas mais comuns do parto prematuro, apontando as gestações múltiplas, infecções como malária e HIV durante a gravidez, ocorrência de doenças crónicas como diabetes e hipertensão não controladas, e idade da mãe inferior a 20 anos ou superior a 35 anos, esclarecendo que muitas destas causas da prematuridade podem ser prevenidas, e que algumas têm determinantes sócio-económicos que necessitam de acções multi-sectoriais.
Entre as determinantes está a escolaridade], havendo a necessidade de fazer-se com que as adolescentes e raparigas permaneçam na escola para evitar as gravidezes precoces (o Inquérito Demográfico e de Saúde de 2022-2023, em Moçambique 36% das mulheres adolescentes de 15-19 anos já esteve grávida), assim como as gestações múltiplas.
É que por razões sócio culturais, em Moçambique, uma mulher tem uma média de cerca de 5 filhos ao longo da vida reprodutiva, sendo que em áreas rurais a média é de cerca de 6 filhos, em comparação com as áreas urbanas onde a média é de cerca 4 filhos.
Por isso, para evitar a prematuridade Ilesh Jani reiterou o apelo para maior espaçamento entre as gravidezes; cumprimento do calendário das consultas pré-natais e a toma de todos os medicamentos prescritos durante estas consultas; uso da rede mosquiteira para prevenir a malária na gravidez; não consumo do álcool e do tabaco durante a gravidez; cumprimento de outras recomendações dos profissionais de saúde para a saúde e bem-estar durante a gravidez.
O Ministério da Saúde está a implementar um Plano de Acção para cada Recém-nascido, cujo objectivo é a prevenção do parto pré-termo e o manejo da prematuridade para reduzir a mortalidade neonatal, estando em curso diversas intervenções sendo de destacar o uso da clorexidina em gel no coto umbilical para prevenção da sépsis neonatal; apetrechamento das unidades hospitalares com equipamento e material, incluindo com oxigenoterapia, para melhor manejo clínico dos recém-nascidos prematuros e com problemas de saúde; e reforço e capacitação das equipas técnicas no manejo clínico do recém-nascido.
O Dia Mundial da Prematuridade celebra-se sob o lema: “Pequenas acções, GRANDE IMPACTO: contacto pele a pele imediato para todos os bebés, e em todos os lugares” e foi escolhido com o objectivo de chamar atenção sobre a importância do contacto pele a pele, como uma acção para garantir maior sobrevivência destes bebés.