Fernando Mazanga diz que apresentou a queixa esta terça-feira, 14 de Novembro, na 2a Esquadra da Polícia da cidade de Maputo. Dado o estatuto do acusado, Mazanga irá oficializar hoje, 15 de Novembro, a queixa, no Departamento Criminal da Procuradoria Geral da República.
Alguns membros da CNE presentes na sessão confirmam a ameaça e contam que durante a sessão de aprovação dos presidentes das comissões distritais de eleições (ver terceiro texto a seguir) houve troca de palavras entre Daud Ibrahimogy e Fernando Mazanga. Fernando Mazanga defendia que os presidentes das comissões distritais (CDE) deveriam ser pessoas de reconhecido mérito a nível dos seus distritos e que os seus currículos deveriam constar dos processos em discussão. Os presidentes das CDE devem, por lei, ser provenientes da sociedade civil.
Sem entendimento durante a sessão, os representantes da Renamo sugeriram o voto aberto da decisão. A maioria dos membros da CNE concordou, incluindo o bispo Matsinhe, mas Daud Ibrahimogy não concordou e acusou Fernando Mazanga, vice-presidente do mesmo órgão, de o ter prejudicado ao acusar os membros da CNE provenientes da sociedade civil de estarem a reboque da Frelimo. Para ele, foi o pronunciamento de Fernando Mazanga, após a aprovação dos resultados eleitorais, que levou ao seu afastamento da liderança da mesquita do bairro de Aeroporto, em Maputo.
No calor do debate, na sessão, Daud Ibrahimogy ter-se-ia levantado, gesticulando e ameaçado Mazanga nos seguintes termos: “Este senhor prejudicou a minha vida. Vais morrer. Se eu tivesse a minha arma, dava-te tiro….mas mesmo assim, isso não vai terminar assim. Hei-de ir a tua casa te matar, seu velho bêbado.” As ameaças receberam a reprovação de todos os membros da CNE.
No mesmo dia, Daud Ibrahimogy ter-se-ia arrependido, mas em vez de ligar para Mazanga para pedir desculpas, contactou o bispo dom Carlos Matsinhe, presidente da CNE, para o fazer em seu nome. Matsinhe sugeriu um encontro entre Mazanga e Daud, sob sua mediação, onde Daud iria pedir desculpas. O encontro ficou agendado para segunda, 13 de Novembro, mas Daud Ibrahimogy não compareceu até às 15 horas, acima da hora marcada. Quando contactado, alegou que estava no engarrafamento.
Dom Carlos Matsinhe, como mediador, autorizou Mazanga a livrar-se para cumprir com as suas agendas. Mazanga comunicou o sucedido ao partido e à família. Estes aconselharam-no a fazer queixa à polícia e à PGR.
Contactado pelo Boletim CIP Eleições, Daud Ibrahimogy, vogal da CNE cooptado pela Frelimo no parlamento, disse não saber o que Mazanga considera de ameaça de morte e que ele mesmo tem vindo, também, a receber ameaças de morte provenientes de vogais da Renamo. Ele disse que não sabia que Mazanga abrira um processo-crime contra ele.
Daud Ibrahimogy é proveniente do Conselho Islâmico de Moçambique, onde é presidente do gabinete juvenil da organização. Recentemente, após ter participado na aprovação dos resultados eleitorais fraudulentos, foi afastado do cargo de líder da mesquita do bairro de Aeroporto, em Maputo e consequentemente da residência da mesma mesquita (Leia mais aqui).
Ele tem vindo a receber forte pressão da comunidade islâmica de Moçambique. Alguns membros da comunidade pedem que o Conselho Islâmico de Moçambique se distancie publicamente dos actos de Ibrahimogy, alegadamente porque “um muçulmano deve pautar sempre pela verdade”. Para os defensores dessa ideia, Ibrahimogy não devia ter votado pela aprovação dos resultados eleitorais fraudulentos. (TEXTO: CIP)







