Entretanto, é uma cidade com o rosto machucado devido a trágica governação municipal desde que Artur Canana entregou à Comiche e este por sua à David Simango e que finalmente devolveu para Éneas Comiche que já não tinha as mesmas ideias de governação como antes. Hoje, Maputo já não possui aquele rosto celestial que lhe caracterizava, até parece uma mulher preguiçosa, bonita e abandonada na rua, sem comida e nem condições de higiene.
Maputo enquanto capital de Moçambique representa um pouco de tudo daquilo que o País é e deveria ser, mas infelizmente a Cidade transformou-se num local caótico devido as políticas municipais e governativas que não impulsionam um desenvolvimento organizado das áreas de habitação, transporte, saneamento de meio, comercio formal e informal, lazer e saúde pública. Nos 64 bairros existentes a população reclama sempre dos mesmos problemas, principalmente quando o período chuvoso chega, o drama da população de bairros como Maxaquene, Mahotas, Laulane, Chamanculo, Magoanine, entre outros sempre volta.
O roubo de talhões aos cidadãos sem influências políticas está acentuado e espalha-se, e principalmente o mesmo é feito por políticos influentes pertencentes ao partido de quem dirige a Cidade – Frelimo. Não é em vão que existem vários processos ligados ao conflito de terra nas mesas dos vereadores e do edil na Cidade de Maputo. As gangues encetam mecanismos jamais vistos aos olhos impávidos das autoridades que deveriam proteger os fracos em detrimento dos mais fortes. Os bairros como Costa do Sol, Chiango e Mahotas são epicentros desta sanha, uma vez que os talhões nestes espaços podem chegar a 100 mil USD ou mais para as grandes corporações imobiliárias que cresceram estranhamente na capital como se fossem cogumelos em período chuvoso.
Estranhamente o actual edil Éneas Comiche sacudiu o capote quando foi confrontado pela população sobre os problemas de terra nas Mahotas, e dentro de dois meses irá entregar as chaves ao novo autarca da “tawen/Town”, sem resolver estes problemas e muito menos txunar Maputo, conforme havia se comprometido.
Hoje, 10 de novembro de 2023, a Cidade de Maputo completa 136 anos da sua elevação à Cidade, e uma das actividades da edilidade será a reinauguração da praça da juventude, uma infraestrutura feita às pressas que logo antes da inauguração e um teste de chuva que se fez sentir na capital há dias, alguns pavês removeram-se e outros quebraram-se. Os bancos para sentar são poucos. As imagens da praça vistas no telemóvel e na televisão são bonitas, mas para quem vai ao terreno, verifica que foi “mais uma grande burla” que o povo e especial a juventude foi infringida pelo Governo municipal.
Maputo, hoje celebra mais um aniversário e o último do Presidente Comiche que pelos vistos vai sair da presidência da autarquia sem pedir desculpas aos comerciantes informais que foram brutalmente maltratados e roubados na suposta operação de reorganização do comércio informal na capital do País. Talvez fosse oportuno um pedido de desculpas e posterior indemnização a todos aqueles que foram feridos com aquela “falhada operação municipal e policial”.
O transporte de passageiros público e privado é caótico na Cidade de Maputo, muita das vezes causado pela falta de vias condignas ou alternativas. Tomando em conta que aquela que é a estrada que deveria merecer melhores condições foi praticamente abandonada pela edilidade e tentou-se enganar os eleitores no período eleitoral, mexendo apenas alguns metros e deixando as partes mais sensíveis para quem vier ou não.
As taxas e taxinhas introduzidas durante a governação do actual edil demonstraram o que acontece quando alguém chega ao poder sem ideias do que fazer. A Cidade de Maputo merece mais. Merece voltar a brilhar e a ser aquela mulher desejada por todos e que tem um e único dono: o marido (o povo) em todos os momentos. Este povo que precisa de melhores estradas, melhores condições de saneamento de meio, habitações condignas, transporte humanizado e crescimento e desenvolvimento económico sem medo, uma vez que insegurança assaltou as nossas vidas com raptos e assassinatos hediondos que acontecem diariamente, numa Cidade infestada por policiais, mas que de segurança pública não se verifica nada.
Todos somos maputenses e precisamos fazer mais e melhor por esta Cidade que nos representa enquanto moçambicanos. Não podemos permitir que a falta de oportunidades de emprego e condições de vida precipite a prostituição feminina e masculina que engordam as listas de seropositivos no País. Não podemos permitir que Maputo continue a ser o epicentro de grupos de narcotráfico, bocas de fumo em quase todos os bairros e quarteirões da Cidade. Não podemos permitir que barracas e bares abram em frentes de escolas primárias, secundárias e universidades, transformando as nossas crianças, adolescentes e jovens em zumbis, simplesmente porque a bebida está mais barata que um quilo de arroz ou um litro de leite.
Bem-vindo à Maputo – a Cidade das Cabeçadas e de vida de aparências, onde de segunda a quinta-feira, ninguém tem dinheiro, mas de sexta a domingo todo mundo procura divertir-se, mesmo que seja para ficar com uma garrafa de cerveja por cinco horas de tempo na mão – o importante é seguir a onda!!! (Omardine Omar)