“Trabalharemos para proteger a biodiversidade, pois também geramos actividade económica através de negócios
baseados na natureza” afirmou o ex-Presidente de Moçambique, Joaquim Chissano.
Greg Carr elogiou a visão do Presidente Chissano. Explicou que o Presidente Chissano foi uma das primeiras pessoas a reimaginar o papel de um parque nacional como motor de desenvolvimento humano e também como reservatório de biodiversidade, e que o antigo Presidente entendeu que esses dois objectivos seriam reforçadores. “Ele convidou-me para vir para Moçambique há 21 anos. Hoje tenho o prazer de dizer que a Gorongosa é uma grande fonte de emprego na província de Sofala. Trabalhamos com 100 escolas e milhares de famílias de agricultores. Formamos jovens Moçambicanos em ciências da conservação e fornecemos apoio nos cuidados de saúde rurais”, disse Carr.
Gorongosa: um Parque de Direitos Humanos
No século XX, o mundo não tinha uma visão esclarecida sobre como os parques nacionais (e outras formas de “áreas protegidas”) residem numa região maior onde os humanos criam meios de subsistência e cuidam das suas famílias. A visão antiga é conhecida como “conservação da fortaleza”. Os parques eram geridos com a visão limitada de que os fiscais protegeriam a vida selvagem dentro do parque (e os turistas iriam apreciá-la), e a população local (que habita a região desde “antes do tempo”) ficaria fora do parque. Esta visão falha porque:
1. Os ecossistemas naturais não estão em conformidade com os limites humanos num mapa. As captações de
água, os corredores de biodiversidade e os sistemas climáticos geralmente não estão relacionados com os
limites de um parque nacional, que provavelmente foram criados como jurisdições políticas.2. A abordagem de fortaleza para um parque nacional fica aquém das nossas aspirações do século XXI em
matéria de direitos humanos e de soberania e dignidade dos povos nativos.
Para remediar esta situação, o Projecto da Gorongosa celebrou um contrato de co-gestão com o Governo de
Moçambique não só para restaurar o ecossistema empobrecido do próprio Parque, mas para apoiar as famílias que vivem numa área definida em torno do Parque chamada “Zona de Desenvolvimento Sustentável”.
Os gestores do Projecto da Gorongosa receberam a visão do Presidente de Moçambique, Joaquim Chissano, e do seu amigo, o Presidente da África do Sul, Nelson Mandela. Como presidentes de países vizinhos, no início dos anos 2000, criaram o conceito de “Parque da Paz”. Desenvolveram a ideia de um parque nacional cuja missão é servir os seus vizinhos humanos, reconhecendo que um ecossistema regional saudável é bom para os humanos e para a vida selvagem. Além disso, estavam a lidar com erros históricos ao criar este novo paradigma. A beleza, a biodiversidade e a riqueza natural de um parque nacional pertencem às pessoas que partilham essa paisagem. É a herança cultural e espiritual da população local.
Sobre o Projecto da Gorongosa:
O Parque Nacional da Gorongosa (PNG) em Moçambique é talvez a maior história de restauração da vida selvagem em África. Em 2008, foi estabelecida uma Parceria Público-Privada de 20 anos para a gestão conjunta do PNG entre o Governo de Moçambique e a Fundação Carr (Projecto de Restauração da Gorongosa), uma organização sem fins lucrativos dos EUA. Em 2018, o Governo de Moçambique assinou uma prorrogação do acordo de gestão conjunta por mais 25 anos. Ao adoptar um modelo de conservação do século XXI para equilibrar as necessidades da fauna bravia e das pessoas. O PNG está a proteger e salvar esta bonita natureza selvagem, devolvendo-o ao seu devido lugar como um dos maiores parques nacionais da África. (COMUNICADO)