Escrito por: Pereira da Fonseca Martins Napuanha, Msc
INTEGRITY – MOÇAMBIQUE, 28 de Julho de 2022 – O século XXI figura-se como o mais avançado na arena das tecnologias, desde o descobrimento do mundo, pela criatura mais pensante do planeta terra – o ser humano. A revolução industrial mundial obedeceu até ao momento actual, 4 (quatro) fases distintas, a saber:
- Revolução Industrial 1.0
- Revolução Industrial 2.0
- Revolução Industrial 3.0
- Revolução Industrial 4.0
Revolução Industrial 1.0 – Maquinas a Vapor
Ocorreu no século XVIII por volta dos anos 1780, no Reino Unido, tornando Londres a maior nação capitalizada do período histórico. Este período foi caracterizado pela melhoria das técnicas industriais usando em massa várias máquinas a vapor, por firma a automatizar os processos artesanais.
Revolução Industrial 2.0 – Energia Eléctrica
A segunda revolução industrial, hoje conhecida por revolução industrial 2.0 teve seu início por volta de 1850 destacando-se o avanço tecnológico da indústria 1.0. Neste período as maquinas a vapor passaram a ser substituídas por máquinas de energia eléctrica e petróleo. Este período, deu início a indústria automotiva (por Henry Ford) em vários pontos do mundo, dentre os quais destacaram-se a Inglaterra, Estados Unidos, Itália, Japão, Bélgica e França.
Revolução Industrial 3.0 – Comunicação
Passados os dois períodos de revolução industrial, por volta de 1970 o mundo evidenciou a era robótica, com destaque a linha de montagem de automóveis com foco fulcral na dependência dos computadores e internet. No entanto, importa referir que estes avanços ajustaram de forma massiva os processos de prestação de serviços, da pecuária, comercio e ate agricultura.
Revolução Industrial 4.0 – Sistemas Ciberfisicos (mundo real Vs Virtual)
Com a tecnologia a vincar-se pelo mundo e vários descobertas cientificas evidenciadas com ajuda incondicional da tecnologia e internet, em 2011, na feira de Hannover iniciou um projecto do Governo Alemão que visava a promoção da informatização dos processos industriais. Foi a partir deste período que o mundo passou a reconhecer a era do conhecimento, composta por inovações tecnológicas dentre as demais: a análise de dados, robotização, integração de sistemas, simulação virtual, cibersegurança, IoT (internet das Coisas).
O mundo actual, da arena ciberfisica tornou o mundo mais acelerado, flexível, na maioria dos aspectos tecnologicamente previsional e pior de tudo tornou o mundo intelectual mais preguiçoso (passamos a ter a internet das coisas – IoT).
Neste mundo mais globalizado, não existe nenhum Governo, instituição privada, individuo que consiga viver desassociado do resto. São várias transformações que obrigam a intercomunicabilidade e dependência dos países bem como pessoas a se transformarem e desabituarem-se dos costumes tradicionais. Esta era, evoluída em todos acreditamos sentidos e em constante mudança evolutiva obrigou a criação de Moedas Digitais dos Bancos Centrais, vulgarmente conhecida por CBDC (Central Bank Digital Currency), depois de criadas várias Criptomoedas, suscitando algumas dúvidas no seio da maioria populacional.
O que são Criptomoedas?
A primeira criptomoeda foi criada em Outubro de 2008, por alguém até ao momento anónimo e se diz responder pelo pseudónimo de Satoshi Nakamoto.
Pode-se afirmar que uma criptomoeda é dinheiro como qualquer outra moeda que circula no mercado, mas que no entanto ostenta o carácter digital. Sendo um meio de troca, pode-se aferir que seja confiável aos demais utilizadores, com um aspecto distinto de descentralização onde nenhum Governo, por via dos bancos centrais tem controlo das transacções efectuadas.
As criptomoedas ou simplesmente cibermoedas utilizam tecnologia de blockchain e da criptografia para assegurar a validade das transacções. Adicionalmente importa referir que todas as transacções contidas pelas criptomoedas, são vistas por qualquer utilizador e actualizadas mundialmente no momento da ocorrência da transação.
Actualmente, já se pode comprar bens e serviços por via das várias criptomoedas, tendo-se em alguns países a precificação de alguns bens e serviços em criptomoedas.
Tal como referido acima, a maior parte das criptomoedas usam sistemas de controlo descentralizados, com base na tecnologia de blockchain (uma espécie de livro de registo operado em rede ponto a ponto de milhares de computadores). Estes computadores permitem o registo histórico de todas as transacções em tempo real de modos que não possa existir uma entidade de controlo central, o que em caso de existência poderia permitir alterações no registo ou software de forma unilateral.
Só para referir alguns tipos de criptomoedas existentes, tem-se a destacar os seguintes:
- Bitcoin
- Ether
- XRP
- Litecoin
- EOS
- Cardano
- Binance coin
- Stellar lumens
O que é o CBDC?
O CBDC (Central Bank Digital Currency), traduzido em Português: Moeda Digital dos Bancos Centrais pode-se equiparar a moeda/ dinheiro tradicional físico dado o equivalente valor de ambas. O CBDC foi criado em 2009, como forma de controlar em blockchain toda moeda digital em circulação no mercado. Entretanto, uma boa parte dos países passou a implementar (ainda em fase de teste) a partir de 2013.
No mundo, pouco mais de 80 países já tem projectos de implementação de CBDC, devendo-se destacar o facto de a China estar a liderar o processo de ensaio do projecto mundial. Actualmente, a China regista pouco mais de 140 milhões de usuários do CBDC, introduzido pelo Banco Central da China ainda numa fase experimental, visto que ainda não foi definida a data oficial de implementação efectiva do projecto.
Alguns analistas definem as CBDCs como sendo um tipo de criptomoedas, implementadas pelos Governos, através dos bancos centrais do cada País. Entenda-se que as CBDCs podem ser usadas por empresas ou indivíduos para pagamento normal de bens e serviços a semelhança das criptomoedas, carregando consigo o mesmo valor que a moeda física/ papel e transmitindo confiança aos demais utilizadores.
As CBDCs podem ser consideradas como sendo moedas digitais emitidas pelos bancos centrais e são conhecidas pela sigla (CBDC) ou Govcoin, em representações digitais de valores monetários (isto e, números registados em sistemas de computadores/ blockchains).
Dentre os demais projectos de CBDCs, deve-se aclarar que todos encontram-se em fase experimental, devendo-se destacar os seguintes projectos pela sua intensidade no mercado:
- China : Projecto Yuan Digital
- Nigéria : Projecto eNaira
- Brasil : Projecto Real Digital
- Canada : Projecto Jasper
- Singapura : Projecto Ubin
- Ilhas Marshal : Projecto Soberana
- Rússia : Projecto Digital Ruble
- USA : Projecto Digital Dollar
Existe alguma Diferença entre Criptomoedas e CBDC?
Concluímos que ambos (Criptomoedas e CDBS) são moedas equivalentes a dinheiro físico e aceites no mercado como meio de troca para transaccionar bens e serviços oferecidos no mercado.
Em ambos os casos, é inegável que a massificação de utilização destes instrumentos financeiros ira evidenciar a redução de impressão da moeda papel dada a praticabilidade, flexibilidade, aceitabilidade destes meios de pagamentos.
Havendo materialização da intensão, entendemos que pouco a pouco o papel-moeda deixara de existir para muitos dos países desenvolvidos. Tudo isto é trazido pela era da revolução industrial 4.0 (Internet das Coisas – IoT).
Apesar das duas formas constituírem-se moedas digitais, pode-se evidenciar uma diferença que recai sobre o controlo das moedas e blockchain.
Por um lado, entenda-se que as criptomoedas ou cibermoedas, foram criadas antes das CBDCs, sendo moeda digital de controlo descentralizado, visto que o blockchain é descentralizado e o acesso as transacções são de carácter bilateral. As criptomoedas podem ser transaccionadas dentro e fora do País onde as transacções ocorrem e a qualquer hora, sem qualquer envolvimento dos bancos centrais.
Por outro lado, as CBDCs ou Govcoin vêm ao mercado como consequência do descontrole existente das transacções das criptomoedas mundialmente. Como forma e na tentativa de controlo centralizado, pelos bancos centrais os governos a nível dos Países de forma isolada criam a facilidade de utilização a nível empresarial ou individual, de utilização desta moeda digital. Porem, é importante notar que as transacções das CBDCs são feitas a nível interno dos Países implementadores do projecto, não se podendo transaccionar a moeda digital entre Países.