INTEGRITY – MOÇAMBIQUE, 25 de Julho de 2022 – Através do discurso do presidente da República, Filipe Jacinto Nyusi “não podemos matar, que se apresentem” … (porque alguns foram enganados) antes e recentemente” temos de matar porque são terroristas”.
Nota-se que existe uma clara contradição. O Chefe do Estado que várias vezes pediu ou apelou para que os que se juntaram ao terrorismo se entreguem, e que seriam recebidos até amnistiados, hoje tem uma posição diferente e defende a morte dos mesmos, tal como manifestou em público, na sua recente ida à Cabo Delgado.
Falando na semana passada em Pemba, Filipe Jacinto Nyusi, disse que era preciso matar porque ele, o terrorista neste caso vive de saques, mostrando que a responsabilização criminal e a compreensão das motivações é uma questão de último plano. É a linha do velho ditado “com os terroristas não se negoceia”.
Trata-se de uma situação, que por um lado, pode estar a insinuar as Forças de Defesa e Segurança no terreno para não ter pena perante qualquer e com que se deparam durante as operações, quando na verdade, além dos próprios terroristas, existem civis e reféns, aliás, quando Filipe Nyusi, anunciou o assalto à base Kathupa, não falou sequer de resgate de civis, entre elas mulheres e crianças.
Com isso, perspectiva-se dias difíceis no ramo de combate, a não ser que seja mero discurso que também deixa margem de dúvida por ser uma ordem expressa, por um Comandante-chefe, vida difícil também para qualquer um suspeito, porque a resposta será a morte, “é preciso matar porque ele vive desses saques”.
Os ataques terroristas em Cabo Delgado, começaram na madrugada de 5 de Outubro de 2017 e afectaram 11 dos 17 distritos dessa província . Desde essa época até então, os ataques continuam, mesmo com a presença das forças da SADC e do Ruanda que se juntaram às tropas moçambicanas.
As organizações humanitárias e de monitoria do conflito estimam que mais de 4 mil pessoas perderam a vida, mais de 800 mil estão deslocadas, além de vários desaparecidos. (Mussa Yussuf, em Pemba para IMN)