INTEGRITY – MOÇAMBIQUE, 22 de Julho de 2022 – As exportações brasileiras, no 1º semestre de 2022, foram marcadas por um aumento pouco expressivo em volume, de 0,2%, em relação ao mesmo período de 2021. Na mesma comparação, percebe-se, no entanto, uma evolução de 20,2% nos preços.
Nas importações houve queda de 1,9% no volume comprado do exterior, e evolução de 33,1% nos preços. Com esse resultado, o país manteve a balança comercial superavitária, ou seja, conseguiu uma diferença, para mais, entre a despesa e o que foi arrecadado, em R $34,3 bilhões. Representando R $2,7 bilhões abaixo do observado na 1ª metade de 2021.
Sentindo o efeito externo
Com o agravamento da pandemia da Covid-19, na China, o Brasil sentiu a desaceleração da economia chinesa, com uma redução de 14% no volume exportado para seu principal comprador, como mostra o Indicador de Comércio Exterior (Icomex) de Julho.
Expressivos compradores de minério, soja e petróleo, o único que registrou variação positiva para as vendas aos chineses foi a soja, de 18,79% em relação ao 1º semestre de 2021, totalizando R $20,26 bilhões, 66% dos embarques brasileiros do produto.
A potência asiática reduziu suas compras de petróleo e minério de ferro, com quedas que foram de 1,26% e 32,9%, respectivamente. Mas, não deixaram de comprar carne, com as exportações ao país se recuperando com alta de 86,6%, algo que soma R $3,67 bilhões.
Para o indicador, o 2º semestre segue incerto devido à evolução da pandemia na China que mantém as duras medidas de isolamento por conta dos novos focos de contágio.
Vale destacar que a China é o principal parceiro comercial brasileiro. No ano passado, o Brasil exportou US $87,9 bilhões para o país asiático; a balança comercial fechou com superávit do valor de US $40,257 milhões.
Mudando a rota
No caso do petróleo, os dados da Secretaria de Comércio Exterior (SECEX) do Ministério da Economia mostram que a demanda perdida com a China foi desviada para outros países.
O incremento foi expressivo nas vendas para regiões como: Estados Unidos (121%), Espanha (205%) e Holanda (80%), no caso de petróleo bruto, que pode estar relacionado a uma substituição de importações da Rússia, como retaliação à guerra na Ucrânia.
Variações de volume e preços
Segundo o Icomex, o aumento, em valor, das exportações em Junho é explicado pela variação positiva nos preços (15,7%), pois, o volume exportado recuou 0,6%.
O mesmo ocorre para as importações, com aumento de preços de 37,2% e queda no volume de 2,7%.
O resultado para o volume importado, de acordo com o Icomex, retoma a trajectória de queda observada na comparação interanual mensal entre 2021 e 2022 e que só foi interrompida em Maio, com um aumento nas compras de petróleo e adubos, acima do previsto.
Na comparação do desempenho das exportações por tipo de indústria elaborada pelo indicador produzido pela FGV IBRE, o sector agropecuário apresentou vendas no semestre com queda de 5,3% em volume, mas crescimento de 39,9% em preço. No sector extractivo, o aumento registrado em preço (5,5%) foi menor do que a queda em volume (-10,8%).
Apenas a indústria de transformação marcou sinal positivo em ambas as frentes – respectivamente, 21% e 8,1% – reforçando o observado nas Sondagens do FGV IBRE de que o sector externo tem sido uma frente importante para a manutenção da confiança em alta do sector industrial.
Aumento das exportações
Enquanto segue a queda do volume exportado para a China, destaca-se o aumento do volume exportado para a Argentina, algo que, segundo o Icomex, sinaliza que a crise no país latino-americano ainda não atingiu os fluxos de comércio.
A demanda da vizinha é notável nas vendas do sector automotivo que se mantiveram aquecidas. As exportações totais do Brasil ao país cresceram 12,4% no 1º semestre em relação ao mesmo período de 2021. Essa expansão foi de 20,4% apenas em produtos desse segmento.
De maneira geral, entre os principais produtos exportados estão óleo combustível, carne bovina, farelo de soja, carne de aves, celulose e açúcares, ressaltando a concentração nas actividades relacionadas ao sector de commodities.
Em resumo, a expansão do valor dos fluxos de comércio no 1º semestre é atribuída ao crescimento dos preços, pois, o volume ou esteve estável (exportações) ou recuou (importações). (MONEY TIMES)