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INTEGRITY – MOÇAMBIQUE, 20 de Julho de 2022 – Sem comida suficiente e armas sofisticadas para ajudar as Forças de Defesa e Segurança (FDS), moçambicanas e estrangeiras, os voluntários, neste momento, também conhecidos por Forças Locais, que se ofereceram para combater o terrorismo em Cabo Delgado dizem estar a enfrentar dificuldades.
Muitos deles com experiências de guerra da luta de libertação nacional, deixaram os seus afazeres, para se juntar à luta contra o terrorismo, mas nos últimos dias, deparam-se com problemas de logística em termos de armamento e alimentação, mesmo aqueles que representam o comando, posicionados nas imediações do Comando das Operações do Teatro Operacional Norte. Caso para dizer, “estar na praia não significa comer muito peixe”.
Foi por isso, que em representação dos outros, os elementos que militam no Comando da Força Local de Mueda, pediram na semana finda, ao Comandante em Chefe das FDS, Filipe Nyusi, para prover alimentos, porque não produziram em virtude de estar engajados em acções de segurança, armas de guerra e voz de comando para perseguirem os terroristas nas matas.
“Queremos mais armas e pedimos autorização para perseguir esses bandidos, porque até agora estamos na defensiva” reclamaram.
O cenário de logística complicada não é apenas um problema isolado para os alimentos da Força Local de Mueda, mas também de Nangade, Muidumbe e Macomia. Os de Mueda e Macomia apenas estão equipados de meios de transporte, trata-se de viaturas Mahindra, conforme soube Integrity Magazine.
Inicialmente, a entrada em cena de combate ao terrorismo das Forças Locais, na província de Cabo Delgado, era vista como ilegal, mas o governo “não deu ouvidos” e assim tornaram-se parceiros estratégicos no âmbito das Operações do Teatro Norte e com relatos de combates de sucesso vindos daquele grupo.
Filipe Nyusi, reconhece que o problema não é novo, foi por isso que deu garantias de que a preocupação será resolvida, basta que se ultrapassem algumas questões burocráticas, justificando que a primeira fase foi de treinar os jovens que trabalham no grupo e de seguida será a resolução do resto.
Os ataques terroristas em Cabo Delgado, começaram na madrugada de 5 de Outubro de 2017 e afectaram 11 dos 17 distritos de Cabo Delgado. De lá para cá, os ataques continuam, mesmo com a presença das forças da SADC e do Ruanda que se juntaram às tropas moçambicanas, apesar de capturados e destruídas várias bases terroristas.
As organizações humanitárias e de monitoria do conflito, estimam que mais de 4 mil pessoas civis e militares perderam a vida, mais de 800 mil estão deslocadas, além de vários desaparecidos. (Mussa Yussuf, em Pemba para IMN)