INTEGRITY-MOÇAMBIQUE-18/07/
A maior parte dos residentes da aldeia Muaja abandonou suas casas desde quinta-feira, logo que chegaram notícias de decapitação de duas pessoas em seus campos de produção.
Portanto, fontes locais descreveram ao Integrity Magazine News, que a maioria dos nativos deixou a região e procurou lugares seguros, muitos na cidade de Montepuez e poucos na aldeia Namanhumbir.
Segundo essas fontes, relata-se que “todas pessoas saíram aqui, só ficamos nós deslocados, não temos dinheiro para sair e não vemos à quem vender a pouca comida que produzimos”, indicou um chefe de família deslocada do distrito de Macomia”.
Um outro deslocado da aldeia Bilibiza, distrito de Quissanga, acrescentou que o facto de só ficarem apenas famílias deslocadas não os torna seguros, uma vez que a região já começou a ser frequentada pelas forças de defesa e segurança, que muitas vezes acusam deslocados de colaborar com terroristas.
A título do depoimento afirmou a fonte que “estamos com medo, aqui ainda não chegou o programa de recuperação de documentos e muitos não temos documentos, as nossas forças aproveitam-se disso para humilhar”.
Contudo, na última quarta-feira, homens armados mataram por decapitação duas pessoas e depois entregaram uma mulher as cabeças para avisar a comunidade de Muaja, que eles estavam mesmo nas imediações da aldeia.
Os ataques terroristas em Cabo Delgado, começaram na madrugada de 5 de Outubro de 2017 e afectaram 11 dos 17 distritos de Cabo Delgado. Desde esse período até então, os ataques continuam, mesmo com a presença das forças da SADC e do Ruanda que se juntaram às tropas moçambicanas.
As organizações humanitárias e de monitoria do conflito estimam que mais de 4 mil pessoas perderam a vida, mais de 800 mil estão deslocadas, além de vários desaparecidos. (Mussa Yussuf, em Pemba para o IMN ).