Mais de 200 trabalhadores da Karingani Game Reserve denunciam maus-tratos e suposto “racismo”

Os operários relatam episódios repudiáveis e desumanos, exposição aos animais selvagens, bem como comentários e práticas racistas protagonizados pelo gestor da Reserva, Ellery Worth, por sinal suspenso, mas que continua no controlo da actividade à distância, com “modus operandi” próximo à escravatura e intimidações.

Worth e outros cidadãos estrangeiros de raça branca são associados a “actos desumanos e humilhantes contra cidadãos nacionais”, bem como indiciados de desrespeito às normas laborais em vigor no país.

O Sindicato dos trabalhadores locais, através de Nelson Matusse, reconhece e repudia o “comportamento inaceitável da empresa”, num sinal de apoio total ao boicote levado a cabo pelos trabalhadores contra o que classificam de “desumano”.

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Matusse denunciou também a existência de muitos cidadãos nacionais vítimas de mordeduras caninas propositadas diante do olhar impávido dos seus responsáveis. “Quando um trabalhador é atacado por cães, o patrão lamenta pelo uniforme danificado e não pela vida humana. Isso é muito triste e doe-nos sermos maltratados no nosso país”, lamentou, acrescentando que na empesa, há discriminação em todos os aspectos.

“Eles não querem saber de nós. Os acampamentos onde vivem estão vedados e electrificados, e os trabalhadores são deixados ao relento, expostos a todo tipo de perigo”, denunciou.

Entretanto, os colaboradores prometem boicotar as actividades até que sejam satisfeitas as suas exigências. Dentre várias exigências, o aumento salarial, redução das horas de trabalho, conforme a lei moçambicana, subsídio de risco, pela exposição aos animais selvagens, tratamento humanizado são as principais reivindicações.

A administradora de Massingir, Esmeralda Muthemba, garantiu que o governo vai investigar os alegados crimes de odio e discriminação de que os trabalhadores foram vítimas no Karingani Game Reserve”, adiantando que o país não compactua com actos desumanos. (JN/IMN)