Por: Onélio Luís/Jornalista
IMN-MOÇAMBIQUE, 15 de Julho de 2022 – As cidades de Maputo e Matola em Moçambique acordaram com dois cenários, esta quinta-feira (14/07/2022). Logo à madrugada nas principais artérias das duas cidades era audível o roncar dos motores das viaturas dos homens da Lei e Ordem, que com equipas distribuídas em pontos “estratégicos” exibiam o nível máximo de prontidão para reprimir qualquer greve a nível do planeta. Aliás, a greve sem rosto a que pretendiam reprimir, foi convocada através de um áudio e um documento nas redes sociais nos últimos dias…
Já pela manhã, alguns pontos das duas cidades pareciam estar calmos até notar-se a ausência da polícia para populares empenharem-se na colocação de barricadas nas ruas e queimarem pneus, supostamente em repúdio à subida do custo de vida em Moçambique, que sem dó nem piedade estupra o bolso do pacato cidadão.
Por exemplo na Cidade de Maputo, na avenida Joaquim Chissano, houve bloqueio de um dos sentidos até a polícia se fazer ao local e desbloquear a passagem, um exercício feito na presença de espectadores que subitamente iniciaram com a “campanha” de arremesso de pedras e pneus contra a viatura dos homens da Lei e Ordem e dos automobilistas que por ali cruzassem, concretamente nas proximidades da ponte do “Vulcano”, bairro do Aeroporto.
Em pontos como a região da Malanga, ouviram-se disparos e há relatos de detenção de alguns supostos grevistas. Na altura que escrevia este parágrafo recebia chamada de um conhecido que me relatava, que por pouco, mas muito pouco mesmo viu sua viatura sem o pára-brisa na Avenida Julius Nyerere e, para evitar que o pior acontecesse sentiu-se obrigado a fazer manobras cinematográficas e usar uma via alternativa, pois indivíduos não identificados, concretamente na Zona da Lixeira de Hulene presenteavam com pedradas aos automobilistas, que “ousassem” usar a Julius Nyerere, mesmo no traçado que “corta” o bairro Polana Caniço os relatos são similares.
Ainda logo pela manhã, já circulavam nas redes sociais vídeos e fotos de algumas avenidas como a de Moçambique e a EN4, com pneus em chama nas faixas de rodagem.
Por outro lado, algumas instituições de ensino emitiram comunicados de prorrogação da suspensão das actividades lectivas até segunda-feira (18), com receio de continuidade da insegurança pública nesta sexta-feira (15).
Nas redes sociais as opiniões se dividem. Uns por detrás dos teclados são da opinião que o vandalismo não resolverá o problema que alguns moçambicanos reivindicam e outros dobram os quatro dedos e levantam o polegar, em claro sinal que são apoiantes da destruição e pilhagem como aconteceu em 2008 durante a governação de Armando Emílio Guebuza.
Ao certo não se sabe quantos feridos e detidos, talvez a Polícia da República de Moçambique (PRM) e o serviço de urgência da maior unidade sanitária do país possam agendar uma conferência de imprensa para dar o rescaldo da situação ainda nesta sexta-feira. Talvez seja prematuro como habitualmente respondem aos jornalistas. Aguardemos!