Moçambique, como pode morrer uma nação?

Nobre Rassul

Por: Nobre Rassul

Celebra-se a manifestação com receio e brandura, e vários autores políticos, sociais e económicos, junto à imprensa e demais, transmitem o seu grito de revolta em meio a pedidos de socorro do povo, por uma revolução que retire o país do actual estágio. Há quem diga, que hipotecaram o país, e há quem vai mais longe ao afirmar que estamos sobre a amarra do novo colono.

Ao abdicarmos da revolta e do saber fazer, levamos as novas gerações a criarem façanhas para ter um novo  amanhecer, prevendo-se colapso do futuro geracional!

O governo busca no diagnóstico da Tabela Salarial Única a forja de possíveis soluções?

Tenebrosamente, Moçambique, embora, uma terra de longas vivências e história ancestralmente rica, ela, como nação é pragmática, perturbada e cheia de eloquência como um adolescente que perdeu a virgindade e busca por novas donzelas para mostrar seu potencial sexual.

Os episódios que originam greves constantes na capital Maputo e outros pontos do país, podem criar um colapso, especialmente, pelo quadro de stress social que se estabeleceu e os modelos de greve que têm ganho tônica em redes sociais, configurando, um anormal onde antes havia um normal incendiário com o Zé ninguém de Mafalala, Torrone, Polana Caniço,  Matador até da Munhava,  entre outros bairros tidos como problemáticos, onde os jovens se preparam sempre que há revoltas  para colocar pneus nas estradas, o que se pressupõe levar as suas cidades ou bairros a um nível calamitoso. 

Assim, esta novela moçambicana da ausência de bem-estar nas comunidades e alto nível de vulnerabilidade e pobreza urbana desnuda num país rico e uma capital que faz milhões de meticais por dia, mas ao fim do dia, cheira a mijo, fezes, e a realidade dos buracos torna-se consequência da analfabeta governação, onde a máfia governativa vem exibindo carros de alta cilindrada em falsa teocracia de bem-estar comum. Porém, a privação de bem-estar é desestabilizadora e traduz um problema real, com a desordem social que provém do esgotamento moral.

Embora nesta situação, aparentemente anómala, a violência aconteça em vários contextos e razões que derivam do actual estágio de cada nação, pressupõe-se, segundo o sociólogo Carlos Serra: “a violência popular coloca na penumbra a violência estatal”. 

Desde a independência deste país que se relegam para o segundo plano os investimentos nas zonas rurais e infraestruturas básicas, onde é visível a abstenção da resolução de questões prioritárias que beneficiem o povo. Com isso, levanta-se a probabilidade do surgimento de um golpe de estado, ou uma nova Sri-Lanka, onde a violência na sua diversidade e as consequências dela tinham como alvo a máquina política e policial opressora. 

Elevemos a nossa consciência analítica, para estudarmos o rumo da nação face aos problemas que emergem, (terrorismo, conflitos políticos, pobreza extrema, fraudes financeiras nacionais e internacionais, problemas ambientais, corrupção calamitosa, fragilidades no sistema de ensino) deste modo, no contexto moral não temos como caracterizar o estágio de uma nação em decadência administrativa e de liderança, onde não se vive no quotidiano, mas sobrevive-se ao quotidiano.

Prometo, no próximo artigo, aprofundar o tema em questão, trazendo outros diagnósticos e possíveis soluções por mim estudadas, sobre o precipício “Buraco” em que a nação se encontra.

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