Escrito por: Pereira da Fonseca Martins Napuanha*
Moçambique situa-se no sul da África, com uma costa invejável ao longo do oceano Índico e uma média populacional de 31,26 milhões de pessoas (2020). Apesar de ter várias línguas nativas faladas, têm o português como a língua oficial. O país encontra-se rodeado de vários países de colónia inglesa, dentre os quais, África do Sul, Tanzânia, Malawi, Zimbabwe.
O país tem uma área total de 801. 590km² e herdou uma posição económica que distingue sob medida a cidade do campo, com o sul mais desenvolvido que o centro e norte do país.
Moçambique destaca-se na arena internacional por vários factores, dentre os demais relevantes podem ser destacados os seguintes: existência de vários recursos naturais preciosos ainda por explorar, elevado nível de corrupção, elevado nível de pobreza.
Pretende-se com este artigo, posicionar o País num contexto económico mais compreensível e susceptível de análise crítica e de passível categorização de factos.
Uma análise sintética das abstracções económicas e radiantes do mercado financeiro e económico, num mundo globalizado, afectando milhares de pessoas inocentes e prescritores ignorantes, faz de nos segmentos de precaução inegável.
A economia no entanto que ciência é indubitavelmente matéria de estudo e aprendizado em qualquer quadrante, fortalecendo a exactidão, por meio de identificação das necessidades básicas existente e acima de tudo providencia de bens e serviços necessários para satisfação das necessidades cada vez mais crescentes.
Precisamos entender os contornos vividos actualmente, num mundo totalmente globalizado, com tecnologia de ponto mas que no entanto são evidenciadas restrições económicas por conta de externalidades (Covid-19).
Contexto Económico
Num contexto macro económico, pode-se concluir que Moçambique, à semelhança de vários países, registou nos últimos cinco (5) anos, progressos plausíveis, isto e, a julgar pelos indicadores macroeconómicos.
Houve um evoluir constante de empresas em vários sectores, com destaque por um lado ao sector de tecnologias e informação e por outro lado ao sector industrial. A tecnologia, traz consigo a modernização que resulta em bom termo a mecanização e robotização de actividades, no mundo digital.
Globalização carrega consigo a liberalização de mercados voláteis, tornando possível a negociação de termos em curto espaço de tempo, garantindo a transacção de bens e serviços em tempo real e inimaginável.
Entretanto, na senda da pandemia que ditou várias restrições económicas e sociais, pode-se concluir que houve uma desaceleração económica mundial, afectando significativamente vários quadrantes da económica, com destaque aos países emergentes.
Dentre vários aspectos, importa aferir o facto das económicas mundiais terem sido gravemente feridas, por forças até então pouco conhecidas, tornando o facto cada vez mais complicado dia a dia. O segredo de defesa, em qualquer situação, circunscreve-se ao reconhecimento do problema, quer em perspectiva ou no acto real. Somente, quando soubemos com que estamos a lidar, estaremos em condição de delinear estratégias arrojadas para contrapor qualquer posição económica, quer a nível mundial, continental ou mesmo nacional.
A economia sendo uma ciência é suspcetível de ser estudada e por conta do estudo o ser humano pode prever crises económicas, níveis de inflação, poder de compra, demanda ou oferta de determinado produto ou serviço, entre outros aspectos que contribuem significativamente para o desenvolvimento da produtividade e produção de bens e serviços, a todos os níveis. Sabendo de tudo isto urge a questão:
“Qual é a nossa posição económica pós-pandemia (Covid-19)”
O País (Moçambique), desde o início da pandemia passou a registar uma desaceleração económica à semelhança de vários outros países, a nível mundial, quase sem excepção. Graciosamente, pode-se afirmar que o impacto devastador da desaceleração económica mundial, não se fez sentir na mesma proporção nos diferentes países, tendo-se evidenciado menor impacto da doença na África se comparado com a Europa e América.
No entanto, entenda-se que o real impacto da pandemia, não se circunscreve apenas na doença como tal, mas sim no impacto económico trazido pela pandemia. Nestes termos, pode-se afirmar que no escopo económico a África ressentiu-se em maior proporção se comparado com a Europa e América. Razão pela qual, há necessidade imperiosa de entender os contornos económicos por detrás da pandemia, que resultaram na desaceleração económica afectando o continente africano.
Na generalidade, a mãe África é dos continentes existentes com maior recursos preciosos naturais já registados mundialmente e lamentavelmente, por conta dos recursos e outros afins, tornou-se o continente mais colonizado e deprimido por partes exteriores e interiores.
Se não vejamos: “O que faz um continente com reconhecimento existencial de recursos naturais com abundância ser maioritariamente financiado por países economicamente mais estáveis, com pouco ou em alguns casos sem nenhum recurso natural precioso?”
No entanto que África, a nossa posição económica tornou-se mais debilidade pós-pandemia, apesar de estudos terem demonstrado no período prévio a pandemia, que vários países apresentavam índices de crescimento económico muito encorajadores. Dentro vários indicadores económicos, temos a destacar os seguintes: subida de preços de combustíveis, restrições de comércio internacional, inflação, subida de taxas de juros indexantes, conflitos geopolíticos, entre outros aspectos.
Registamos uma subida de preços de combustíveis, pela OPEP – Organização de Países Exportadores de Petróleo, por vários motivos, dentre os quais importa referir o facto da pandemia ter forçado as indústrias petrolíferas mundiais a reduzir significativamente o nível de produção de petróleo, obrigando os países a usarem suas reservas. A redução do nível de produção do petróleo deveu-se às restrições impostas no comércio internacional, onde foi registada uma paragem económica mundial impedindo a importação ou exportação de qualquer produto.
As restrições económicas impostas, no período da pandemia, não só reduziu a quantidade de bens importados ou exportados nos diferentes países, mas garantiu a redução em massa das transacções financeiras resultantes do comércio internacional. Várias indústrias que dependem do mercado internacional foram obrigadas a encerrar temporariamente e outras em definitivo, registou-se escassez de vários produtos no mercado internacional, aumento de nível de desemprego e consequentemente a desaceleração económica.
A escassez de bens no mercado, traz consigo a inflação (subida generalizada de preços), num momento em que o poder de compra torna-se menos favorável ao consumidor. O mundo viveu um dos momentos mais marcantes da história económica mundial, onde as economias mais arrojadas registam um nível crescente da taxa de inflação. Actualmente, Moçambique regista cerca de 10,8% de taxa de inflação, com tendências a aumentar nos próximos 12 meses. No entanto, consideramos importante referir que todos os países da região registram, apresenta, um crescimento tendencial da taxa de inflação com destaque ao Zimbabwe que atingiu actualmente uma taxa de inflação na ordem dos 192%.
PAÍS | TAXA DE INFLAÇÃO | |
Moçambique | 10,81% | |
África de Sul | 6,5% | |
Zimbabwe | 192% | |
Rússia | 15,9% | |
Estados Unidos | 8,6% | |
Reino Unido | 9,1% | |
Zona Euro | 8,6% |
Os bancos centrais, têm a função de controlar na economia a estabilidade económica nacional, trazendo uma balança de pagamento mais favorável, disponibilidade de meios circulantes financeiros no mercado, reservas financeiras, posição cambial entre outros aspectos de igual relevância. Dentre vários, refira-se com destaque a necessidade do banco controlar a inflação a nível nacional, tendo como pressuposto vários instrumentos dentre os quais consta a taxa de juros indexante como uma das estratégias de remoção da moeda em circulação, forçado em baixa a taxa de inflação.
Contrariamente ao pressuposto instrumental económico, verifica-se actualmente no mercado uma subida da taxa de inflação acompanhada tendencialmente com uma subida de taxas de juros. Pode-se evidenciar que Moçambique regista actualmente uma taxa de juros do mercado financeiro na ordem dos 20,60%
PAÍS | TAXA DE JUROS | ||
Actual | Anterior | ||
Moçambique | 20,60% | 18,60% | |
África de Sul | 8,25% | 7,75% | |
Zimbabwe | 200% | 85% | |
Rússia | 9,50% | 11,00% | |
Estados Unidos | 1,75% | 1,00% | |
Reino Unido | 0,75% | 0,50% | |
Zona Euro | 0,25% | 0,00% |
Destaque segue para o banco central do Zimbábue que recentemente aventou a possibilidade de utilização do dólar americano, deixando-se de se usar o dólar zimbabweano pela desvalorização do mesmo. Ainda sim, há possibilidade de introdução de moeda ouro, onde os cidadãos passaram a comprar ouro em moedas, nos bancos comerciais e transaccionar as mesmas no mercado.
Os conflitos geopolíticos têm repercussões infalíveis, principalmente quando há registos de envolvimento de potências económicas, políticas em períodos eleitorais ou ainda locais economicamente estratégicos.
No caso em concreto de Moçambique, por opinião própria, a estabilidade económica é gerida fundamentalmente por pressões políticas e interesses alheios ao propósito comum. O país regista um conflito enfrentado no norte (Cabo Delgado), coincidentemente desde a descoberta do jazigo de petróleo que culminou com investimentos avultados.
De acordo com o Instituto Nacional de Petróleo (INP), Moçambique possui mais de 2,8 biliões de metros cúbicos de reservas de gás. Curiosamente e por interesse de diferentes partes estão a ser investidos milhões de recursos financeiros, com expectativa de atingir cerca de 90 mil milhões de dólares americanos nos próximos anos, contando com a construção de instalações de liquefação de gás em Moçambique.
Resumidamente, pode-se aferir o potencial e posição económica financeira de Moçambique de forma avantajada, se comparada com vários países da região, tendo em conta todos os aspectos referidos no presente artigo.
Porém, torna-se crucial a criação de medidas de prevenção e cautela fiscal, acordos bilaterais com transparência suficiente, criação de fundo soberano, protecção aos demais desfavorecidos e acima de tudo criação de políticas anti-corrupção a nível do Governo.
*Mestrado de Administração de Negócios (SA) e Licenciado em contabilidade (Moz) – Empreendedor, Palestrante e Investidor com 06 (seis) empresas de vários ramos de actuação.