IMN – MOÇAMBIQUE, 13 de Julho de 2022 – Foi assim apelidado o geólogo alemão pelos seus colegas e amigos, este que foi o responsável pela “explosão” dos recursos naturais em Moçambique.
O cientista alemão é o geólogo mais citado na literatura científica sobre Moçambique, homem simples e acessível apesar da sua alcunha eclesiástica, Lächelt não tem tabus em explicar a um “leigo” conceitos e segredos da geologia como estratos, horizontes e falhas.
Foi no ano de 1981 que o geólogo alemão iniciou com os seus trabalhos em Moçambique como consultor da Direcção Nacional de Geologia no Ministério dos Recursos Minerais de Moçambique, tendo chegado a partir do intercâmbio entre dois países que na altura seguiam a ideologia socialista: República Democrática da Alemanha (RDA) e a então República Popular de Moçambique.
Logo de primeira afirmou que trabalhar em Moçambique não seria como na Alemanha, uma vez que os alemães gostam da perfeição, ele preocupou-se em procurar saber se poderiam ter uma formação para a protecção durante o trabalho em caso de situações de um possível interpelamento por animais selvagens por exemplo, e a resposta que teve foi que essa formação era inexistente.
Esteve no batente no período de 1981 a 1985, mas pela intensificação da guerra civil entre a RENAMO e a FRELIMO, foi forçado a reduzir as viagens pelo país, concentrando-se nos arquivos e documentos que ainda sobravam da época colonial. Recolhendo os dados dos escassos documentos, conseguiu publicá-los numa grande monografia, sendo que esta despertou um interesse a nível mundial e levou muitos a realizarem pesquisas, prospecção e a exploração de jazidas em Moçambique.
Finda a guerra, no ano de 1994, Lächelt assumiu o cargo de geólogo chefe na Direcção Nacional de Geologia, função que exerceu até 2006. Durante os seus 12 anos, presenciou o início de um grande avanço da indústria extractiva no país e escreveu o seu livro intitulado “Geology and Mineral Resources of Mozambique” (traduzindo, “Geologia e Recursos Minerais de Moçambique”).
Para Lächelt, a geologia não é somente um trabalho, mas também um passatempo fascinante. Trata-se de uma ciência histórica, natural; ao contrário da história humana, as pedras e as rochas contam a sua história desde o seu início, são um livro aberto.
Hoje em dia, as suas pesquisas são usadas por empresas multinacionais para explorar os recursos naturais de Moçambique. O cientista tinha como missão fortalecer a economia socialista, mas acabou por ajudar empresas capitalistas sem algum tipo de receio. – (PAULA CRISTINA)