IMN-MOÇAMBIQUE, 12 de Julho de 2022 – O Secretário do Estado de Nampula, Mety Gôndola, escalou, na semana passada, a aldeia Mitopue, Posto Administrativo de Lúrio, no distrito costeiro de Memba, para se inteirar de como é a vida depois da incursão terrorista, que o próprio governo recusa-se a aceitar.
Apesar de não admitir tratar-se de uma ataque terrorista que, em Junho passado, abalou aquela comunidade, Mety Gondola, apelou à população local, a agudizar a vigilância, sem admitir que grupos associados aos “Alshababs” se juntem à população, mas a verdade no terreno` mostra que os residentes estão com muito medo.
Numa região onde faltam os principais serviços públicos, degradação das vias de acesso, sem salas de aulas convencionais, infraestruturas sanitárias e abastecimento de água, a população ainda sente na pele os efeitos da pobreza, e, não pode estar imune à situações de aliciamento para as fileiras terroristas.
Aliás, há relatos de que Memba é um dos locais da província de Nampula, onde muitos jovens se juntaram aos “Alshababs” que atacam em Cabo Delgado. Aliado a isso, segundo também reportou o Jornal Ikweli, o grupo terrorista na sua primeira incursão, recrutou cerca de 20 jovens, que se acredita que foram à Memba em gozo de férias.
No entanto, segundo apurou o Integrity Magazine News, na região de Memba-sede e Sirissa, por exemplo, há relatos de rapto de pessoas, dentre eles, pescadores deslocados de Cabo Delgado, acusadas de pertencer aos “Alshababs”.
Há, também, filhos locais, que depois de regressar às suas terras, foram suspeitos de ser elementos dos “Alshababs”, não só, estiveram desaparecidos em circunstâncias ainda pouco claras. Cenário idêntico, tem acontecido na província de Cabo Delgado, onde depois dos “Alshababs” sairem, um grupo com ligações às autoridades e ou elementos das FDS, raptam pessoas acreditando ter ligação com os atacantes.
“Cada dia eles (os militares) levavam duas pessoas, ninguém sabe o que está acontecer, mas a situação está complicada, eu até que tenho medo de regressar e já ouvi que algumas voltaram à Cabo Delgado” contou um dos pescadores que se encontra a visitar a família na cidade de Nampula.
Na vila de Memba e nas localidades de Sirissa e Semuco, por exemplo, nos últimos dias, as actividades pesqueiras estão condicionadas e só acontecem de dia, mas antes do ataque na região de Lúrio (Mitopue) eram feitas nos dois períodos, nocturno e diurno.
A província de Nampula, onde as informações indicam ser um dos locais de recrutamento para fins de terrorismo, recebeu mais de 60 mil deslocados dos ataques terroristas em Cabo Delgado, que estão acolhidos no centro de Corrane em Meconta, na cidade de Nampula e outros locais. (Mussa Yussuf, Pemba para MIN).