IMN – MOÇAMBIQUE, 11 de Julho de 2022 – 105 feridos deram entrada no hospital na sequência das manifestações de sábado. 55 ainda permanecem internados. Os manifestantes permanecem no palácio presidencial e não pretendem sair até que Rajapaksa abandone o poder.
Os manifestantes que exigem a renúncia do presidente do Sri Lanka recusam-se a deixar o palácio presidencial. Depois da invasão da residência oficial no sábado, que obrigou o chefe de Estado a fugir e prometer que deixará o poder durante a semana.
Os acontecimentos dramáticos de sábado foram o ponto máximo de uma onda de protestos no país da costa sul da Índia, que enfrenta uma crise política e económica sem precedentes, a qual os manifestantes atribuem a culpa ao governo do presidente Gotabaya Rajapaksa.
Centenas de milhares de pessoas reuniram-se na capital, Colombo, para exigir que Rajapaksa assuma a responsabilidade pela escassez de remédios, alimentos e combustíveis, cenário que levou um país relativamente próspero ao cenário de caos.
Depois de invadir o palácio presidencial, uma construção do período colonial, a multidão percorreu os ambientes luxuosos, várias pessoas saltaram para a piscina e vasculharam o guarda-roupa e os objetos de Rajapaksa.
As tropas disparam para o ar para permitir a fuga do presidente. Rajapaksa embarcou num navio da Marinha e foi levado para fora da ilha.
O presidente de 73 anos recusava-se a deixar o poder, apesar da onda de violência que provocou vários mortos em maio e que motivou a renúncia de seu irmão, Mahinda Rajapaksa, que era o primeiro-ministro do país.
No sábado à noite, o presidente do Parlamento anunciou na televisão que, “para garantir uma transição pacífica, o presidente disse que apresentará sua renúncia a 13 de julho”.
O gabinete de Rajapaksa, localizado à beira-mar, também foi ocupado por manifestantes e outro grupo incendiou a residência do primeiro-ministro Ranil Wickremesinghe, apesar deste também ter anunciado a sua renúncia.
Imagens publicadas nas redes sociais mostram a multidão aplaudir o incêndio, que aconteceu pouco depois de um ataque das forças de segurança contra jornalistas. Antes, a polícia tentou dispersar os manifestantes reunidos no distrito administrativo, o que provocou distúrbios.
O principal hospital de Colombo informou que receberam 105 feridos no sábado e que 55 permanecem internados este domingo. Entre os pacientes estavam sete jornalistas feridos.
“Uma pessoa permanece em estado muito grave depois de ter sido atingida por um tiro”, disse a porta-voz do hospital, Pushpa Soysa, à AFP.
O general Shavendra Silva, fez um apelo por calma. “Existe uma oportunidade para resolver a situação de crise de uma forma pacífica e constitucional”, afirmou em direto na televisão. Uma fonte do ministério da Defesa afirmou que Rajapaksa deve chegar à base naval de Trincomaleee, noroeste da ilha, durante este domingo.
O governo dos Estados Unidos pediu aos líderes do Sri Lanka que trabalhem “rapidamente” para encontrar soluções a longo prazo.
O secretário de Estado americano, Antony Blinken, disse que o bloqueio às exportações de cereais da Ucrânia imposto pela Rússia pode ter contribuído para os distúrbios no Sri Lanka. “Estamos a ver o impacto da agressão russa em todos os lugares. Pode ter contribuído para a situação no Sri Lanka, estamos preocupados com as implicações em todo o mundo”, disse Blinken.
“Até que realmente vá embora”
Os manifestantes que permanecem no palácio presidencial afirmaram que não pretendem sair até que Rajapaksa abandone o poder de forma efetiva. “A nossa luta não acabou”, declarou o líder estudantil Lahiru Weerasekara.
O ativista disse que quando atravessaram a última barreira, os manifestantes sabiam que os soldados iam disparar. “Arriscamos as nossas vidas”, afirmou. “Não vamos desistir da nossa luta até que ele realmente vá embora.”
O Sri Lanka enfrenta há vários meses uma escassez de alimentos básicos, cortes de energia eléctrica e inflação galopante, depois do país esgotar as reservas de divisas que são necessárias para as importações. (Diário de Notícias)