São 10 mil profissionais de saúde a nível nacional inscritos em várias associações dos profissionais de saúde que integram enfermeiros; técnicos de saúde, afectos à radiologia, farmácia, maternidade, laboratórios, medicina curativa e preventiva; agentes de serviços, motoristas, entre outros.
Anselmo Muchave, na companhia de dois dos seus colegas, avançou as motivações da greve em conferência de imprensa realizada ontem em Maputo.
“Os profissionais de saúde, reunidos em assembleia-geral, decidiram convocar uma greve nacional para a partir de 1 de Junho de 2023, com duração de 25 dias prorrogáveis. Queremos deixar claro que serão paralisadas as actividades dos agentes e profissionais de saúde, que são auxiliares de serviços, motoristas, enfermeiros básicos, médios, superiores especializados em saúde, técnicos básicos, médios e superiores especializados em saúde filiados à associação. A outra classe (médicos) irá garantir que os hospitais estejam em funcionamento. Lamentamos profundamente termos chegado a este ponto, mas não estamos em condições psicológicas, físicas e espirituais para continuarmos a oferecer os serviços de saúde e cuidados que vocês merecem”, detalhou Anselmo Muchave.
Nos últimos anos, os profissionais de saúde dizem que têm alertado o Governo sobre as dificuldades que têm enfrentado no dia-a-dia.
“No momento em que falamos, além da falta habitual de medicamentos e equipamentos de protecção individual, como luvas de cano alto para maternidade, alguns hospitais em Moçambique enfrentam a escassez de soro fisiológico, o que obriga os pacientes a comprarem esses produtos para procedimentos cirúrgicos. A recente pandemia da COVID-19 expôs, não apenas a fragilidade do nosso sistema de saúde, como também os sacrifícios e os riscos enfrentados pelos profissionais de saúde que estão em contacto directo com os pacientes. O número de profissionais de saúde que perderam a vida durante a pandemia é a prova disso.”
Os profissionais de saúde dizem ainda que não recebem horas extras desde o ano passado; que a implantação da Tabela Única Salarial está a causar prejuízos àquela classe de profissionais e responsabilizam o Governo por esta situação.
“A Tabela Salarial Única corroeu significativamente os direitos adquiridos pelos profissionais de saúde. Pedimos desculpas novamente pelo sacrifício que estamos a pedir a todos diante desta situação que foi imposta por um Governo que recusa a fornecer os recursos necessários para a prestação de adequados serviços de saúde e a respeitar os nossos direitos.”
Os profissionais de saúde dizem que já submeteram a carta reivindicativa ao Gabinete do Primeiro-Ministro e ao ministro da Saúde e que estão abertos ao diálogo para a resolução dos problemas que a classe enfrenta. (Texto: Jornal O País)