IMN- MOÇAMBIQUE, 08 de Julho de 2022 – O antigo estadista angolano, José Eduardo dos Santos exerceu o cargo entre 21 de Setembro de 1979 a 26 de Setembro de 2017. Em 2018 retirou-se da vida política envolto a suspeitas de corrupção que marcaram a sua liderança durante o período em que esteve a conduzir a vida dos angolanos. Também por isso durante a sua vida política foi adorado e, na recta final, odiado por um considerável número de cidadãos da terra do semba. Na verdade, nunca foi um homem unânime.
“Zédu”, como foi carinhosamente tratado pelos angolanos, liderou o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) desde 1979. Tinha apenas 37 anos quando tomou o poder, sucedendo a Agostinho Neto, primeiro presidente da Angola independente.
A vida política de Eduardo dos Santos começou antes: Em Novembro de 1961 passa a coordenar no exílio a Juventude do MPLA, organismo de que foi um dos fundadores e durante algum tempo vice-presidente. Um ano mais tarde junta-se ao Exército Popular de Libertação de Angola (EPLA), braço armado do MPLA. Em 63 é nomeado primeiro representante do MPLA em Brazzaville, capital da República do Congo.
Anos mais tarde ruma a Baku, na antiga União Soviética, com uma bolsa de estudo do Instituto de Petróleo e Gás. Acabaria por licenciar-se em Engenharia de Petróleos em Junho de 1969. Com os estudos universitários concluídos, nunca abandonou a política e, em Junho de 1975 passou a coordenar o departamento de relações exteriores do MPLA. Com a independência de Angola a 11 de Novembro de 1975, Eduardo dos Santos foi naturalmente nomeado Ministro das Relações Exteriores.
Em 1992 realizaram-se as primeiras eleições livres para a Presidência da República. José Eduardo dos Santos venceu na primeira volta, mas foi obrigado a uma segunda ronda eleitoral. A segunda volta, a disputar contra Jonas Savimbi, líder da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), nunca viria a acontecer. Os primeiros anos no poder não foram fáceis. O país estava na bancarrota e em plena guerra civil, que só viria a acabar em 2002, de forma trágica.
Durante a sua liderança, os 38 anos em que esteve no poder, Angola esteve nos holofotes do mundo por diferentes motivos. Se por um lado, o país evidenciava-se na indústria do petróleo, liderado pela Sonangol, o país tornou-se num epicentro de repressão das liberdades individuais, com detenções de activistas como Luaty Beirão e perseguições de jornalistas críticos como Rafael Marques e o internacionalizado académico angolano Domingos da Cruz.
O rosto social de Angola que é vendido para o estrangeiro divergia no período de José Eduardo dos Santos, se por um lado Luanda se transforma na cidade mais cara do mundo, na periferia, o povo morria à fome e os campos de cultivo encontravam-se secos, devido a seca extrema em províncias como Benguela, Kuando Kubango, Huambo e outros. Por outro lado, ocorriam saques desenfreados dos recursos florestais existentes pelos chineses.
Embora estes episódios tenham marcado negativamente a governação de José Eduardo dos Santos, aliado ao enriquecimento exacerbado dos seus filhos, parte dos angolanos viveram os seus melhores momentos, principalmente no âmbito cultural, desportivo e de alguma forma na educação. (Integrity)