Um efeito desastroso de um sete especial

Escrito por: Francisco Rage

Entre as datas comemorativas, há um sete entre todos os sete de cada mês, mais especial, e se calhar, é o sete aproximado ao da bíblia, quando Deus fez todo o universo em sete dias e tudo que nele contém.

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Em volta do sete especial, há muitas peripécias e enredos que acontecem:

Mulheres a lutarem por causa de filas nas lojas de capulanas, crianças morrendo ao colo sufocadas em plena luta no âmbito da compra de capulana e crimes cometidos porque o parceiro faltou dinheiro para uma ou mais capulanas. Afinal de contas qual é o mistério da capulana?

Este dia tem sido motivo de muito divórcio e confusão entre casais, mas desta vez, a coisa ultrapassou as medidas estabelecidas por Deus pai em nome da igualdade de direitos.

Joaquina, esposa de Mundogara vivia na paz com seu marido e seus dois filhos, numa convivência de invejar, e o casal não bebia e desdenhava o álcool.

Terminado o nível médio, implorou que o marido fizesse de tudo para que ela fosse a uma formação e que um dia tivesse emprego, e o parceiro atendeu ao pedido da amada, e esta formou-se, tendo em pouco tempo sido contratada.

Dois anos depois, e nas vésperas do dia da mulher, embora assalariada, Joaquina pediu dinheiro ao marido para compra de duas capulanas, pois sempre comentava com as amigas e colegas que “Dinheiro de Marido anima”.

Com todo amor, Mundogara deu a esposa o famoso “dinheiro de capulana” e a ela foi arrumando tudo em torno dos preparativos do grande dia.

Chegado o dia, logo pela manhã, Joaquina acordou e arrumou tudinho em casa, tomou um banho, colocou na sua cabeça os cabelos de alguns mil meticais que foram previamente arrumados num salão vizinho, colocou algumas gramas de pó na cara, amarrou uma capulana por cima dos calções e outra na cabeça e pôs-se a pintar a boca de vermelho. Vermelho vivo!

Depois de arrumada, despediu o marido com seguintes palavras:

– Mor já deixei a comida preparada, depois da praça vou ao social no serviço. E com um beijo o despediu, caminhando de sapato alto para rua e foi, num som que dir-se-ia que a residência ia destruir-se.

Na praça, as mulheres dançaram, cantaram, homenagearam a Josina e depositaram coroa de flores e a festa começou a aquecer.

Cerca das 11horas, Joaquina e outras mulheres rumaram ao serviço, onde houve comes e bebes, sob o olhar dela, num ambiente desajustado a sua realidade. Até as 20h Mundogara procurou várias vezes ligar para sua amada e só ouvia:

– “O número que pretende discar não esta disponível neste momento, tente mais tarde.”

Como diz a música “essas coisas do coração a gente não manda”, o homem foi até ao serviço da sua amada e quando lá chegou, encontrou tantas mulheres, menos a sua, e voltou caminhando para casa praguejando o nome dela, insultando o diabo, culpando a Deus e pensando se calhar a esposa já tinha começado a “dar de comer a todos que tem fome”.

Chegado a casa, Mundogara deitou-se no seu leito e teve uma noite longa entre insónias e pesadelos, onde ora sonhava com sua amada em plena briga, ora via a sua amada a entrar num quarto do hotel Madrinha arrastada por um homem grandioso e musculoso.

A dado momento foi raptado por um sono malandro, que só despertou pelo cantar dos pássaros no dia 8 de Abril, carregado de fúria e muita dor de cabeça. Olhou ao seu lado na cama, ainda estava sozinho, e no seu desespero, abriu a porta e olhou os dois lados da rua, eis que o movimento de pessoas estava fluindo na tranquilidade, os cães brincavam satisfazendo seus intentos. Já ia proferir palavras insultuosas a si mesmo, aos navegantes da rua e até aos inocentes animais, quando levantou a cabeça e viu uma alma fêmea, de cabelos desfeitos, capulanas nos ombros, sapatos e sutiã nas mãos, e as cuecas da mulher emancipada vulgo fio dental, vislumbravam-se no bolso traseiro dos calções sobre a embriaguez que a inundava.

Mundogara olhou aquelas cenas, voltou para o quarto e chorou amargamente, mandou embora a mulher para casa dos pais, mas até agora, chora pensando na sua bêbada.